Depois de cinco dias de paralisação, o grupo de empreiteiros que trabalha na transposição do São Francisco, no lote-6, entre Mauriti e Missão Velha, decidiu ontem à tarde voltar ao trabalho. O líder do movimento, Vinícius Florentino Menon, informou que foi feito um acordo entre os empreiteiros, que eram sublocados pela Tenit Terraplanagem de Locação e o consórcio formado pelas construtoras EIT, Getel e Delta, que executa as obras.
Vinícius informou que o consórcio se comprometeu a pagar os prestadores de serviços que deram um prazo até sábado para nova negociação. A continuidade do acordo feito ontem, segundo ele, vai depender da proposta a ser feita pelo consórcio. Ele acrescentou que está sendo estudada também a possibilidade do pagamento do débito da Tenit para com os empreiteiros contratados, valor aproximado de R$ 2 milhões.
Foi justamente este débito que gerou a paralisação parcial das obras. Eles foram contratados pela Tenit Terraplanagem e Locação que, por sua vez, foi sublocada pelo consórcio da EIT, Delta e Getel, responsável pelas obras no lote 6. O gestor do consórcio, Lamarque Melo Oliveira, que não permitiu fotografia, nem quis gravar entrevista, afirmou não ter nenhuma relação contratual com os caçambeiros. "Eu nem os conheço", complementou. "Todos os compromissos com a Tenit, que terceirizou os serviços, estão sendo honrados", garantiu ele, esclarecendo que a paralisação atingiu apenas 20% da obra.
No escritório da Tenit, a conversa era outra. O diretor da empresa, Marcos César Freitas, assegura que 75% das obras chegaram a parar. Cerca de 80 máquinas deixaram de operar. Além disso, os caçambeiros atravessaram caminhões e máquinas na entrada das jazidas com o objetivo de impedir a passagem de veículos. "O dinheiro pago pelo consórcio foi destinado à folha de pagamento. Eles estão me devendo mais de R$ 2 milhões, sem computar juros e correção monetária", reclama o diretor da Tenit. Na avaliação de Marcos, o consócio não está pagando corretamente os serviços prestados. "Eu nem sequer tenho acesso às medições feitas por eles", denuncia o empreiteiro. Ele lembra que os desentendimentos começaram em Salgueiro (PE), onde há outra frente de serviços. "Ali, eu fui até ameaçado de morte. Minha família vive escondida aqui numa chácara". A denúncia do empresário vem acompanhado de um desabafo. Ele diz que seus títulos estão sendo protestados, os caminhões ameaçados de serem apreendidos.
Sem crédito
Em meio aos desentendimentos entre as empresas construtoras, os caçambeiros estavam desesperados. Devendo no comércio, sem crédito e longe de casa, a maioria é do Sul do País, eles procuram uma solução para a volta ao trabalho. Apontam que a culpa é do consórcio. Segundo afirmam, o grupo de empresas não está repassando os recursos, como deveria, para a Tenit. Porém, eles fazem ressalvas.
"A Delta, uma das três construtoras do consórcio, prometeu pagar os 40% da parte que lhe cabe", ressalta o caçambeiro Ricardo da Silva Ferreira. Ontem, eles foram convocados para uma reunião com os representantes do consórcio. No fim do encontro, Vinicius anunciou o acordo feito.
A Secretaria de Infraestrutura Hídrica do Ministério da Integração Nacional desconhecia a paralisação. O diretor do projeto, Francisco Campos de Abreu, garantiu que todas as obrigações contratuais junto ao consórcio de empresas que está executando a obra estão sendo cumpridas. "O que não falta aqui é dinheiro para a transposição", afirmou o diretor do projeto, complementando: "Nós queremos a abertura de mais frentes de trabalho".
Em Mauriti, onde as obras da transposição ocupam uma extensão de 40km, área cearense do canal, trabalham 650 homens, 80 máquinas de grande porte e 48 caminhões, na construção de bueiros, aterros e aberturas de valas. As obras estão nas localidades de Cipó, Cana Brava e Quixabinha, cerca de 20 km da sede do município.
Reivindicação
"Estamos há quatro meses sem receber nada. A greve só termina com o pagamento"
Vinícius florentino menom
Empreiteiro
"O consórcio só me pagou o correspondente à folha de pagamento até agora"
César Freitas
Diretor da Tenit Terraplanagem e Locação
MAIS INFORMAÇÕES
Ouvidoria Geral do Ministério da Integração Nacional,
0800 61 0021.
Consórcio em Mauriti
(88) 3512.5144
(Fonte: Jornal Diário do Nordeste)
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