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domingo, 31 de julho de 2011

Mil pessoas na fila de espera por cirurgia bariática



Com o objetivo de melhorar a qualidade de vida através da perda de peso, cada vez mais pessoas procuram os procedimentos cirúrgicos. O Hospital Geral César Cals (HGCC), único que realiza cirurgias bariátricas - de redução do estômago - pela rede pública no Ceará, possui em torno de mil pessoas na fila à espera para fazer o procedimento. A cada ano, a procura só aumenta. De acordo com o presidente da Associação dos Obesos e Ex-obesos do Ceará, Rubem Costa de Oliveira, a demanda cresce cerca de 15% ao ano.

Desde que foi criada a Unidade de Cirurgia Bariátrica e Metabólica do HGCC, no dia 24 de janeiro de 2001, já foram realizadas 456 cirurgias ao todo.

Por semana, dois procedimentos são feitos na unidade, sempre às quartas e sextas-feiras. Se continuar neste ritmo, a expectativa é de que até janeiro de 2012, seja atingida a média de 500 procedimentos.

O cirurgião bariátrico Francisco Ney Lemos destaca que o HGCC é um dos poucos no País que faz a cirurgia da obesidade por vídeo (videolaparoscopia). O especialista informa que, pela tabela do Sistema Único de Saúde (SUS), a operação custa cerca de R$ 12 mil. Mas, quando feita em unidades particulares, o valor praticamente duplica, variando de R$ 20 a R$ 22 mil.

O tempo médio de espera também é longo. Desde a primeira consulta, ainda no posto de saúde, até chegar ao programa da obesidade, leva em torno de dois anos. No entanto, uma vez que a pessoa consegue entrar no programa, o tempo médio de espera é de seis meses a um ano.

A demora se deve, segundo o cirurgião Rubem Costa, ao grande número de consultas que tem de ser feitas, geralmente na rede pública. Outro fator agravante é o acréscimo na demanda, principalmente porque o HGCC é referência no Norte e Nordeste na realização deste tipo de cirurgia. "Vem gente de vários estados fazer o procedimento conosco", afirma Rubem Costa.

A professora Carmelita Fernandes Afonso Rodrigues, 48, chegou a pesar 175kg. Atualmente, tem 161kg e está na fila à espera por uma cirurgia bariátrica no HGCC.

Em setembro de 2006, ela entrou no programa da obesidade, mas não pôde realizar o procedimento porque era fumante. A burocracia para conseguir fazer os exames é outro fator que aponta como empecilho para agilizar o processo.

Por causa do peso, sofre de pressão alta, colesterol elevado e sente dormência nas pernas. Até para se levantar sente dificuldades. Há seis meses, Carmelita colocou um balão intragástrico e, provavelmente, no próximo mês de agosto passará pelo procedimento cirúrgico. "Estou preparada. Depois de cinco anos, a gente se sente bem, pronta para fazer a operação", diz.


Preço

12
mil reais é quanto custa a cirurgia pela tabela do Sistema Único de Saúde (SUS). Em unidades particulares, o valor varia de R$ 20 a R$ 22 mil, segundo o cirurgião bariátrico Francisco Ney Lemos


PROTAGONISTA

História de sucesso

O digitador Paulo Sérgio da Silva, 43, fez a cirurgia bariátrica há 15 dias. Ele conta que estava se sentindo esteticamente mal, além de sofrer de artrose, pressão alta e ter medo de desenvolver diabetes. Antes do procedimento, estava com 142kg, se operou com 128kg. Depois do procedimento, já perdeu oito quilos. "Eu aconselho a qualquer pessoa obesa que procure a rede pública para fazer a bariátrica, é um privilégio que o Estado nos oferece". Para conseguir a cirurgia, ele passou três anos na fila de espera, mas garante que valeu a pena.

Paulo Sérgio da Silva, 43 anos


OBESIDADE

Cerca de 95% dos operados conseguem manter o peso

Cirurgião afirma que muitas doenças são evitadas, mas alerta para a importância do acompanhamento

Em torno de 95% a 97% das pessoas com Índice de Massa Corporal (IMC) acima de 40 que se submetem à cirurgia bariátrica perdem peso e mantêm o peso perdido. Com isso, como explica o cirurgião do aparelho digestivo, Rodrigo Babadupulos, eles ficam mais distantes das patologias relacionadas com a obesidade. São mais de 200 patologias ligadas diretamente com o sobrepeso.

"Quanto mais obeso, mais essa patologias estão presentes", destaca o especialista. Hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus, apneia do sono, doenças osteoarticulares (por sobrecarga), doença arterial coronariana (que pode levar ao infarto), acidente vascular cerebral, são algumas dessas doenças.

Babadupulos explica que a cirurgia bariátrica surgiu para pacientes com obesidade mórbida que possuem insucesso no tratamento clínico.

O especialista alerta que ela não funciona como uma porta, onde a pessoa entra obesa e sai magra, envolve também um tratamento com diversos profissionais. Por isso a importância do acompanhamento pré-operatório, especialmente do ponto de vista psicológico e nutricional, para que a pessoa entenda que sua vida irá mudar.

"O paciente vai ganhar uma ferramenta que vai fazer com que ele esteja farto com pouco alimento, que tenha saciedade por mais tempo e menos do que ele comeu será absorvido (dependendo da técnica que for empregada), o que não exclui a necessidade de ter mudanças nos hábitos alimentares", destaca o cirurgião.

Para quem está interessado no procedimento, o especialista reforça que não se trata de uma cirurgia plástica, mas sim um procedimento que vai tirar do paciente os riscos da obesidade. Para fazer a cirurgia, o paciente obeso precisa perder cerca de 10% do peso. Após a operação, ela perde em média 35% a 40% do peso.

A dona de casa Elzanira de Sousa Castelo Branco, 35, é uma das que fez a cirurgia bariátrica. Antes da operação, seu peso era 100kg. Agora, graças ao acompanhamento nutricional que segue rigorosamente, mantém os 60kg. Hoje, um ano após a cirurgia, ela conta que sua vida mudou, que se sente mais feliz e que as pessoas se aproximam mais dela.


LUANA LIMA
REPÓRTER

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