“Quixadá não sabe aonde quer ir”, diz José Nilson ao criticar falta de planejamento da gestão municipal

O Programa Repórter Ceará, da Rádio Campo Maior AM 840, recebeu dentro da série “Nomes Cotados”, nesta segunda-feira, 02, o economista José Nilson Ferreira Gomes Filho, pré-candidato a prefeito de Quixadá pelo PSDB.

José Nilson já foi candidato a prefeito por duas vezes e, segundo informou durante a entrevista, até o momento, sua intenção de registrar candidatura pela terceira vez é ‘prego batido e ponta virada’.

Conforme o Jornal O Globo, a presidente Dilma Rousseff deve enviar ao Congresso Nacional uma proposta de emenda constitucional que estabelece novas eleições para outubro deste ano. Para que isso ocorra, Dilma deve renunciar e pedir ao seu vice, Michel Temer que faça o mesmo. A proposta sofre resistência de aliados. O senhor acredita que isso possa mesmo acontecer?

Tomara que ela tenha esse bom senso. Não é aquilo que a gente consegue ver nas medidas que ela está tomando, mas que Deus possa iluminá-la para ela tomar essa medida com bom senso e pensar no País e tudo aquilo que ela está sofrendo. Como diz Fernando Henrique, nós estamos em uma emergência nacional. Aqui não é uma bandeira de um partido, de uma ideologia, mas temos que pensar nos brasileiros, são mais de 11 milhões de brasileiros que estão desempregados, são infinitas empresas que não estão podendo se firmar enquanto empresa, tendo que fechar suas portas, reduzir seus quadros e isso tem um reflexo social muito grande [...] e neste momento é claro que a Dilma precisa sair da presidência. Precisa-se desmantelar, não sei se uma quadrilha, mas esse modus operandi que tanto tem prejudicado o Brasil.

Como o senhor viu esse aumento de 9% no Bolsa Família, anunciado pela presidente?

Primeiro ela disse isso em um momento de comoção, onde está todo mundo vivendo uma crise. Ela se justifica que estava previsto dentro do orçamento. Se está previsto, se tem recurso para isso, é justo que o povo receba. O Bolsa Família é um programa social de impacto muito grande e tenho certeza que qualquer governante pós-Dilma deverá manter esse programa, deverá valorizá-lo, com possibilidade até de aumentar e incorporar outras ações. Agora minha pergunta é: Dilma, por que não fez antes? Por que não fez quando aumentou o salário mínimo? Porque não fez quando começou o ano fiscal do Brasil? Porque só foi feito agora em um momento em que as coisas caminham com uma preocupação maior?

Já que estamos falando de gestão petista, qual é sua avaliação das administrações municipais do PT em Quixadá?

Eu não vou me prender só ao PT. Vou falar dos últimos governantes de uma forma geral, que o PT teve uma influência muito grande, porque esteve esse tempo todo dentro, direta ou indiretamente, da vida administrativa de Quixadá. Na minha concepção, Quixadá vive-há pelo menos vinte anos -, uma forma de desastre administrativo [...] e há oito anos eu diria que é um desastre absoluto. Nada foi feito em Quixadá, nem na parte de geração de emprego renda, nem na parte de criar novas estruturas, nem mesmo dentro do plano diretor. A única coisa valorosa de Quixadá nesses últimos anos é a iniciativa privada, é ela que está dando uma sustentação.

Por que tentar pela terceira vez chegar à Prefeitura?

Eu fico feliz por essa pergunta. Embora tenha sido derrotado nas urnas, em nenhum momento me senti derrotado politicamente. Primeiro porque em cada uma delas eu tive mais de 16 mil votos. Segundo, porque trabalhei dentro de uma linha de valorização da política, de construção [...] Inclusive uma coisa que surpreendeu é que eu tenho visto recentemente alguns pré-candidatos se colocando e dizendo que estão fazendo ciclos de debates e que isso é um fato inovador. Não! Desde 2004 que nós estamos fazendo ciclos de debates. Há dois anos temos seguidamente nos reunido com os mais diversos segmentos, construindo um projeto de Governo com solidez, que seja consistente, que haja planejamento. E eu fiquei estarrecido, quando vi um pré-candidato dizendo que ia registrar o projeto de governo em cartório (de forma inovadora). Eu fiz isso em 2004. Eu registrei. Um projeto que foi debatido com a comunidade e hoje temos um projeto novo.

Ao se referir a falta de planejamento, José Nilson criticou a gestão municipal pela falta de projetos:

Quixadá não sabe aonde quer ir e tem um ditado muito simples que diz: Se você não sabe aonde quer chegar, você não chega a lugar nenhum e é o que a gente vê hoje em Quixadá e viu nos últimos 20 anos, nas últimas gestões.

E a história da suspensão do Concurso Público no qual mais de 14 mil pessoas se inscreveram?

Eu estou muito preocupado e sou solidário com todas essas pessoas que estão inscritas e que esperam através do seu esforço, da meritocracia, ganhar um espaço dentro da gestão de Quixadá. Eu me solidarizo com cada uma delas. Contudo, que com essa ação da justiça, apesar de não conhecer os elementos, e que com essa discrepância de preços entre as empresas participantes da licitação, a Prefeitura precisa dar uma resposta para isso, mas precisa que haja um respeito a coisa pública, precisa que haja transparência.

Em meio a esta crise na saúde, como anda o Hospital Municipal Eudásio Barroso?

Esta é uma área que entendo bem. Fui diretor do Hospital Maternidade por 15 anos [...] Quixadá não precisaria hoje mais do Eudásio Barroso, ele poderia se tornar um Centro de Referência, de tratamento de doenças tropicais, tantaa coisaa para as quais poderia ser utilizado, porque ele não tem mais para onde crescer. Fizeram umas 13 colunas e essas colunas não levaram para canto nenhum, desperdiçaram um recurso público grande e não aconteceu em resposta para população. Sem dúvida que é gestão [...] Podem até não gostar, mas a exemplo da Petrobras, que serviu de base para tantas falcatruas, para tantas irregularidades e tantos abusos, acho que o Eudásio Barroso acabou sendo vítima mesmo foi do mau uso da coisa pública.

E o funcionalismo na Terra dos Monólitos, qual o grau de satisfação? Como tem visto isso?

Abandonado, desrespeitado e sem nenhuma luz no final do túnel. Como a gente pode pensar em organizar uma cidade com planejamento se a gente não valoriza aquilo que é prata da casa, aquele que presta o serviço para a comunidade?  Primeiro temos que ter um plano de cargos e salários básico, fácil de fazer desde que haja planejamento.

O senador Eunício Oliveira teria sinalizado uma aliança com Osmar Baquit visando a pré-candidatura do médico Ricardo Silveira, do PMDB. Como estão as conversações para formalizar a sua chapa com outras lideranças?

Eu sou uma pessoa de diálogo. Sou uma pessoa que sabe escutar bem e acho que o diálogo faz parte da política. Tenho conversado muito com todos os pré-candidatos em Quixadá e com todas as outras forças políticas, e eu só não abro mão de uma coisa: Eu não me junto a ninguém só para ganhar uma eleição, eu não me juntarei a ninguém para derrubar uma força de outra liderança, só me unirei e só avanço com o diálogo, quando eu percebo que há condições da gente ter um projeto político de gestão que possa trazer resultado para as pessoas.

O senhor esperava algo de melhor com João Hudson?

Falar só do João minimiza o problema de Quixadá. Minha crítica vai também para prefeitos passados que não conseguiram fazer com que o município modificasse sua forma de fazer política, que se distanciasse  dessa linha da política pelo poder. Quixadá precisa mudar e nisso não tenho a menor dúvida. E mudar rápido.

Tem possibilidade de abrir mão da candidatura?

Eu sou prego batido e ponta virada, porém sou uma pessoa de diálogo e como meu projeto não é de poder, se encontrar dentro dos diálogos um caminho verdadeiro que seja melhor para Quixadá, por que não posso abrir mão? Meu projeto não é pessoal.

Postado por: Jornalismo - Sistema Maior de Comunicação