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quarta-feira, 6 de maio de 2015

O dono do céu da cidade

Com o título acima, eis o artigo do escritor Bruno Paulino encaminhado ao blog:
Li recentemente o livro O Caçador de Pipas, do escritor afegão Khaled Hosseini. Lendo o livro, dentre inúmeras outras questões que a bela narrativa discute, toca e sensibiliza, lembrei-me, sobretudo, quando na minha infância eu coloria os céus de Quixeramobim com pipas.

É verdade que nunca tive muita habilidade artesanal, mas fui um grande artesão de pipas, e vê-las depois de prontas colorirem o céu era uma alegria que até hoje passado tanto tempo, ainda não me é possível explicar. Faz um século que não vejo uma pipa nos céus de Quixeramobim. Creio que os meninos de hoje não sabem realmente fazer uma pipa, e como pipa não é, de fato, um item que se encontra facilmente nas lojas especializadas de brinquedos, não tem realmente como os meninos de hoje soltarem pipas por aí. Alias fazer e soltar pipa são duas coisas que só se aprendem na rua.

Na época das férias escolares soltar pipa era experimentar a mais pura sensação de liberdade. Era poder voar sobre a cidade. Era ver a cidade lá de cima, muito além da Serra do Cruzeiro, onde a vista expandia-se, e a cidade apequenava-se, silenciava. Soltando de dentro do rio, a pipa sobrevoava a ponte metálica, e tornava-se um deslumbramento para olhos cansados. Via lá debaixo onde estava que as pessoas que passavam sobre a ponte apontavam para o céu mirando a pipa, curiosos, talvez encantados. E eu me sentia naquele instante o dono do céu da cidade.

Bruno Paulino
Membro da Academia Quixadaense de Letras. Autor dos livros “Lá nas Marinheiras e outras crônicas” (Imprece, 2012) e “A Menina da Chuva” (Premius, 2013)

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