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quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Educação pelo rádio inova formas de ensino

Alunos da rede pública de ensino estão, por meio do rádio, vivenciando uma nova forma de dialogar com a comunidade, de se expressar e desenvolver a criatividade. Trata-se do projeto "Radioescola", que, no Ceará, vem sendo desenvolvido pela organização não-governamental Catavento Comunicação e Educação, num espaço que cria, com alunos e professores, uma forma de os jovens terem expressão e começarem a produzir programas de rádio.

Bradna Sabrino Borges, de 16 anos, desenvolve o projeto "Alerta Geral", na Escola Municipal Demócrito Rocha, no bairro Messejana. "Somos nós que fazemos a programação. A gente passa de sala em sala perguntando o que eles querem ouvir e, na hora do recreio, colocamos na rádio", contou a estudante, bastante entusiasmada com o programa que desenvolve.

A educadora Gleume Rodriguez, responsável pelo Laboratório de Informática da Escola Marieta Cals, destacou que o rádio é uma excelente ferramenta para o processo de ensino-aprendizagem, porque, a partir do momento em que o aluno pesquisa um tema, ele descobre conhecimento novo, que é passado de forma criativa por intermédio do meio de comunicação de massa. "Todos os envolvidos, os que produzem os programas e os ouvintes, são favorecidos. Na verdade, é um reforço do conhecimento do estudo deles".

Há espaço também para o impresso. Tainá Carneiro Gomes, 13 anos, da Escola Marieta Cals, está produzindo, juntamente com um grupo de alunos, um jornal impresso para a escola. A estudante conta que é uma experiência diferente, que ensina novas formas de interagir e se comunicar. São eles que apuram o que os estudantes gostariam que mudasse e recolhem sugestões de notícias para produzir o material. "Assim, a gente pode ter mais coisas que interessam ao leitor", explicou.

"Segura essa onda"

No Ceará, a Catavento trabalha com oito escolas municipais e duas estaduais, em Paramoti e Monsenhor Tabosa, onde desenvolve o projeto "Segura essa onda". Trata-se de uma iniciativa que prevê a montagem de equipamentos, além da formação de estudantes e educadores em técnicos de rádios.

"O desenvolvimento de projetos Radioescola contribui para que haja limpeza nos canais de comunicação. Por ele, aprende-se a escutar os estudantes e a trabalhar com a expressão deles sem medo. Acredito que, pela palavra e pela fala, o rádio ajuda a escola a ser mais libertadora", disse a coordenadora da ONG, Marilac de Souza.

VANTAGENS

"Acredito que, por meio da fala e da palavra, a escola pode ser mais libertadora"
Marilac de Souza
Coordenadora pedagógica da organização não-governamental Catavento Comunicação e Educação

"Os envolvidos, produtores e ouvintes, são favorecidos"
Gleuma Rodriguez
Educadora responsável pelo Laboratório de Informática da Escola Fundamental Marieta Cals

AFIRMA ESPECIALISTA
Iniciativa estimula trabalho em equipe

O jornalista Ismar Soares, do Núcleo de Comunicação e Educação da Universidade de São Paulo (USP), conta que o rádio, desde sua criação e de seu estabelecimento, criou, no imaginário da sociedade, a hipótese de educação, o que fez com que a própria legislação, no início, afirmasse que o rádio tinha o ensino como objetivo principal.

No entanto, ao longo das décadas, principalmente no início do século XX, o rádio passou a ser voltado para mercado, comércio, entretenimento, notícias, publicidade e, na verdade, não atendeu à população. "Houve um divórcio do sistema educativo com o radiofônico", define Ismar Soares. Mas, a partir dos anos de 1940, houve uma retomada do uso do rádio na educação. Porém, diz o especialista, como ele simplesmente repetia o conteúdo da escola, não motivava as pessoas.

Apenas a partir dos anos de 1960 e 1970 é que o rádio comercial, com áreas de prestação de serviços à população, passou a se direcionar para o campo de uma educação informal. "A educação, simultaneamente a este período, também começa a se aproximar do rádio e essa aproximação faz com que as crianças passem a imitar os locutores, coordenadores de programas e comunicadores do rádio, naquilo que eles têm de prestação de serviços", relata o especialista.

Quando a escola finalmente traz o rádio para dentro do seu espaço, os jovens então se sentiram inseridos na sociedade. "É como se uma porta se abrisse da escola para a sociedade. O interessante é que, quando a criança começa a mexer num estúdio de rádio na sua escola, ela viaja num imaginário para fora da escola e começa a dialogar com a sociedade", explica Ismar.

Este é um capítulo importante do resgate que está acontecendo, agora, com os projetos de Rádio Escola pelo País e tem levado o Governo Federal a distribuir equipamentos de rádio para milhares de escolas em todos os estados brasileiros. Contudo, o jornalista alerta que o grande problema é que esses equipamentos estão chegando, mas não existe uma formação. Nos locais onde a iniciativa está dando certo, um dos principais benefícios é que os estudantes aprendem a trabalhar em equipe. "Ninguém faz rádio sozinho na escola. Eles podem fazer um blog, produzir um vídeo, mas o rádio sempre é feito em equipe. Isso é bom, porque desenvolve o espírito de colaboração e solidariedade entre essas crianças e faz com que elas se alternem no planejamento e na administração das tecnologias, na locução, na avaliação. Elas vão se alternando", assegura.

Escolas que desenvolvem projetos com audiovisual, rádio ou vídeo, diz o especialista, apresentam melhor aproveitamento na aprendizagem em geral. "Crianças que mexem com comunicação acabam tendo mais facilidade para o aprendizado de outras disciplinas".

Fonte:Diário do Nordeste

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