
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), alvo de denúncias de corrupção, nepotismo, tráfico de influência e má gestão na presidência da Casa, fez críticas à mídia nesta terça-feira em seu discurso durante a sessão solene em homenagem ao dia internacional da democracia.
Justamente no dia que o Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDF) julgava recurso do jornal "O Estado de São Paulo", contra a mordaça imposta por ação impetrada pelo seu filho Fernando Sarney, no caso Operação Boi Barrica, Sarney disse que é o verdadeiro representante do povo, e que a mídia se transformou em inimiga das instituições representativas da sociedade.
"A tecnologia levou os instrumentos de comunicação a tal nível que, hoje, a grande discussão que se trava é justamente esta: quem representa o povo? Diz a mídia: somos nós; e dizemos nós, representantes do povo: somos nós. É por essa contradição que existe hoje, um contra o outro, que, de certo modo, a mídia passou a ser uma inimiga das instituições representativas. Isso não se discute aqui, não estou dizendo isso aqui, estou repetindo aquilo que, no mundo inteiro, hoje, se discute - discursou Sarney, que teve t os 11 pedidos de investigação arquivados pelo Conselho de Ética da Casa graças à atuação da sua tropa de choque.
Sem citar os mais de 500 atos secretos para contratar aliados, aumentar gratificações, aumentar verba indenizatória e outros benefícios, Sarney disse que ele e seus colegas de Parlamento são alvos de críticas justamente porque agem às claras.
Reportagem do jornal O Globo mostrava, ontem, que o mordomo da ex-senadora Roseana Sarney (PMDB), Amaury de Jesus Machado, conhecido como Secreta, foi transferido do gabinete do suplente da hoje governadora, Mauro Fecury (PMDB-MA) para um cargo comissionado na Diretoria Geral da Casa, com salário de cerca de R$12 mil. Ele é contratado no Senado desde 1997."
No nosso modelo de Estado, a grande diferença entre os Três Poderes é que, enquanto os Poderes Executivo e Judiciário tomam decisões solitárias, o Legislativo o faz às claras. Isso é uma das fontes pelas quais somos sujeitos a essa crítica diária, porque nós tomamos as decisões todas aqui, à luz do dia. Quer dizer, ela começa e termina com o povo assistindo, a Nação assistindo, e isso serve de uma crítica permanente", disse Sarney.
Sobre as críticas e o desgaste do Senado, Sarney disse que mesmo o pior parlamento, é melhor que Parlamento nenhum. "Por isso mesmo, diz-se que é melhor o pior Parlamento do que Parlamento nenhum, da mesma maneira que Thomas Jefferson, quando perguntado sobre o que era melhor, se um governo sem imprensa ou uma imprensa sem governo, dizia que era uma imprensa sem governo. Há a evidência de que tudo está sob suspeita; não os valores da instituição congressual, mas a realização imperfeita desses valores", destacou.
Na opinião de Sarney, o grande problema do Brasil é a reforma política que não conseguiu sair do papel no Congresso. "Sem ela, realmente nós continuaremos neste patamar em que todas essas coisas que acontecem são jogadas nas costas dos homens, quando esquecemos que as instituições são importantes dentro do sistema democrático", afirmou.
(Fonte: Jornal Diário do Nordeste)
Nenhum comentário :
Postar um comentário
O blog Quixeramobim Agora é uma ferramenta de informação que tem como características primordiais a imparcialidade e o respeito a liberdade de expressão.
Contudo, em virtude da grande quantidade de comentários anônimos postados por pessoas que se utilizam do anonimato muitas vezes para ferir a honra e a dignidade de outras, a opção "Anônimo" foi desativada.
Agradecemos a compreensão de todos, disponibilizando desde já um endereço de email para quem tiver interesse em enviar sugestões de matérias, críticas ou elogios: jornalismo@sistemamaior.com.br.
Cordialmente,
Departamento de jornalismo