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terça-feira, 14 de julho de 2009

A arte de saber gastar o dinheiro público

Acompanhamos e continuamos acompanhando a realização de uma maratona de festivais juninos e julinos no Nordeste. Com os festejos a São João e São Pedro a disputa entre os municípios é apresentar a maior atração. Entre esses alguns que até bem pouco tempo devastados pela ação das chuvas, recorriam a solidariedade da sociedade civil solicitando doações de alimentos, agasalhos, remédios e até mesmo água potável hoje aplicam milhares, até milhões de reais na contratação de artistas a peso de ouro.

Sabemos que a maioria dos recursos aplicados vêm dos ministério do Turismo e da Cultura, através do “empenho” de parlamentares influentes nesses órgãos. Triste é constatar que esses senhores tão bem intencionados são muitas vezes os maiores beneficiados com as suas emendas. Denúncias dão contas de comissões que vão de dez a vinte por cento do total dos recursos liberados. Uma verdadeira farra com o dinheiro público.

Contratos sem licitação, superfaturamento de notas, campanha eleitoral antecipada são algumas das irregularidades geradas nesses eventos, sem falar na qualidade dos shows, que ao invés de resgatarem a nossa cultura regional e as manifestações culturais locais apresentam muitas vezes grupos que em nada contribuem com a valorização da nossa cultura e que nada tem a ver com a temática junina.

A alegria de parlamentares e empresários do ramo de entretenimento está na proliferação de bandas de forró, mulheres frutas e afins. Não se leva em conta a qualidade das apresentações, o que importa é arrastar a multidão, é a visibilidade que ganha o município, ou melhor, o gestor que contrata a banda do momento, a dupla badalada, o maior bumbum do Brasil.

E vamos calando, e assistindo inertes a farra com o dinheiro público, enquanto a multidão se aglomera em praças e avenidas como que hipnotizada. Ao poder público que tantas vezes age de forma irresponsável com o dinheiro público, negando educação de qualidade às nossas crianças, negando o acesso à cultura verdadeira, um alerta: ainda acreditamos que as massas vão acordar e exigir mais dos seus representantes.

Aos Ministérios da Cultura e do Turismo duas indagações: quais são os critérios adotados para a liberação desses recursos? Pode tudo? Aos senhores prefeitos uma sugestão: valorizem a cultura local, invistam na formação das pessoas através da arte e da cultura, comprovadamente duas ferramentas fundamentais na educação. Saber valorizar a nossa cultura é fomentá-la gerando desenvolvimento social e econômico, metas que deverão ser perseguidas por todo gestor realmente comprometido com a população.

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