
Depois de quatro décadas em um mesmo espaço, na Rua São Paulo, ao lado do mercado central, a feira de frutas e verduras de Juazeiro é transferida para o Bairro Franciscanos. A mudança começou a acontecer na última segunda-feira, com o deslocamento das barracas, que ainda estão sendo montadas no novo local. Desde março de 2009 que o processo de mudança vem sendo estudado e vários espaços alternativos foram propostos. Por conta do crescimento da cidade, não havia mais condições de permanência da feira no local, já que nos fins de semana, com a vinda de feirantes de outros municípios para Juazeiro, a única alternativa era fechar a área do centro, prejudicando o trânsito.
Os vendedores se mostram satisfeitos com o novo espaço oferecido, mas reclamam da falta de infraestrutura, de acordo com o prometido pela administração. A preocupação no momento é com as chuvas, que têm formado poças de lama entre as barracas. A retirada das barracas acabou denunciando também as condições sanitárias. Um verdadeiro festival de baratas e ratos se espalhou pela rua. Foram usados na retirada dos barraqueiros seis caminhões e nenhum incidente registrado.
O presidente da Comissão de Transferência das Barracas da Rua São Paulo e titular da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Eraldo Oliveira, diz que esta conquista, depois de muitas décadas e de uma forma pacífica, faz parte de um trabalho que envolveu diálogo e propostas de melhorias das condições dos vendedores e do próprio espaço de comércio.
O trabalho de disciplinamento das barracas está sendo feito desde ontem, já que a área, um terreno de onde se pode visualizar o Santuário dos Franciscanos e a antiga estação ferroviária da cidade, poderá comportar até bem mais barracas. Funcionários da Prefeitura estão auxiliando na montagem dos espaços e recuperando algumas das bancas. Eraldo afirma que há a proposta de entregar novas barracas, inteiramente padronizadas, a exemplo das barracas da Ceart, só que adequadas à venda de hortifrutigrangeiros. Também serão incluídas batas para os vendedores. No próximo sábado, pretende-se iniciar ali também um espaço cultural, já que foi construído um palco no local. A ideia é levar um grupo com sanfoneiro para a feira.
A mudança não será permanente, conforme Eraldo. Um novo piso poderá ser construído no mercado central, para abrigar a venda de carnes, e os boxes do piso serão destinados aos vendedores de frutas. "Mas isso deverá acontecer, caso eles queiram voltar para o mercado, em dois anos", afirma Eraldo.
O trabalho de transferência dos barraqueiros e algumas adequações que têm sido feitas no centro de Juazeiro obedecem ao Código de Posturas da cidade, de 2000. Até agora foram efetivadas algumas mudanças, como a retirada de placas de propaganda inadequadas que tomavam a Rua São Pedro. Muitos lojistas estão aderindo à ideia; caso contrário, serão notificados num prazo estabelecido pela Prefeitura. Outra mudança diz respeito à retirada de mercadorias das calçadas.
Segundo ele, a meta é dar continuidade ao processo de acompanhamento do trabalho, fortalecendo o setor de fiscalização, com os novos concursados. Na Rua Alencar Peixoto, que corta a São Paulo, alguns vendedores insistem em colocar seus produtos nas calçadas. Guardas municipais estão na área orientando para que coloquem suas mercadorias para dentro das lojas. Caso isso não aconteça serão notificados. "Vamos manter um rigor na fiscalização. Se isso não acontecer e deixarmos ocupar novamente, de nada adianta todo esse trabalho".
Mas há alguns vendedores - mesmo gostando da segurança do espaço, por não estarem espremidos no trânsito, como acontecia na São Paulo - preocupados com o futuro das vendas. Telma Sá tem uma banca de frutas. Aproveita a safra do pequi, mas afirma que não chegou a vender na manhã de ontem R$ 10,00, enquanto no antigo espaço já poderia ter lucrado R$ 50,00. "Preferia estar lá embaixo, tinha movimento. Tenho que me sustentar. Espero que melhore". Eraldo afirma que um trabalho de divulgação da feira está sendo feito.
(Fonte: Jornal Diário do Nordeste)
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