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segunda-feira, 25 de abril de 2016

O ano que ninguém sabe como vai acabar

Com o título acima, eis o artigo do escritor e publicitário, Ricardo Alcântara:

O cenário político do país está te deixando nervoso? Pois se acalme porque vem coisa muito pior por aí: o governo de Michel Temer. Quando o conspirador subir a rampa, dará início a um mandato sub judice. Pior: um mandato sub judice numa República sub judice.

Não é somente a procedência do que avalia o Tribunal Superior Eleitoral (a chapa Dilma-Temer teria recebido recursos de empresa estatal, a Petrobras, para sua campanha eleitoral). Ali, só haverá celeridade e consenso mediante forte pressão das ruas, mas não exclusivamente delas.

Tem mais de onde puxar: a própria razão da admissibilidade para o impeachment da presidente pode alcança-lo: no exercício do cargo, também assinou autorizações para que a área econômica do governo realizasse as chamadas ‘pedaladas fiscais’. Já é controverso.

Enquanto isso, uma federação heterogênea de partidos (inclua no balaio um PT com o pote até aqui de mágoas) estará mobilizando as ruas, sob a bandeira de eleições presidenciais ainda neste ano, para que a chama da ilegitimidade não se apague e o fragilize mais ainda.

Não mais amenos serão os combates na base física: dado como responsável por articular pessoalmente a cassação de sua titular, que por si já atrai uma enorme carga de resistência, Temer irá enfrentar uma força que este país não experimenta há 14 anos: a CUT na oposição.

Claro, para fazer a ele uma oposição mobilizada, a CUT precisa de uma crise. Ela já está posta. A central, agora sem as contenções da governabilidade, necessita recuperar espaços perdidos em sua base, ferida por uma política de governo que traiu compromissos de campanha.

E não vai adiantar o presidente Michel Temer alegar que esta crise não lhe pertence: seu partido é parte do problema e não há solidariedade social que resista quando começa a sobrar mês no fim do salário. Dilma, com muito mais base de apoio, não contou com ela.

Para superar então o atual estado de coisas nos parâmetros liberais – e não há alternativa, dada a natureza das forças que o apoiam – Temer terá que apertar ainda mais o cinto dos assalariados. E o Brasil voltará a conviver com greves depois de 14 anos de trégua.

Pendências judiciais, adversários nas ruas e crise econômica – não findam aí os seus tormentos. Temer tem um problemão na sua base de apoio: o nunca subestimável deputado Eduardo Cunha. Qual o tamanho deste problema? Perguntem à Dilma, ela sabe.

Sob uma artilharia de denúncias partidas da Procuradoria Geral da União e da Operação Lava Jato na direção do Supremo Tribunal Federal, Cunha cobrará do presidente a conta do impeachment para manter sua imunidade parlamentar porque sabe: é cadeia na certa.

Caso não se veja suficientemente assistido por um presidente cercado de más notícias e decisões amargas – carente, portanto, de modestos nacos de aprovação – Cunha conspirará sem dó nem pena contra aquele que, mais do que ninguém, ajudou a sentar na cadeira.

Tais fatores é que dividem, por exemplo, a direção do PSDB. Parte dela deve estar se perguntando: afinal, o que se ganha deixando as digitais num governo assim? Temer corre o risco de governar somente com os piores. Um palpite? Não emplaca 2018. Não tem como.

Postado por: Jornalismo - Sistema Maior de Comunicação

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