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segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Artigo: Cultura, para quê te quero?

Começo estas palavras com um sentimento de revolta. Acho que posso classificar assim porque conheço a “peleja” de inúmeros artistas de Quixeramobim que tentam (Eu disse “tentam”!) exercer o que mais gostam de fazer: Arte, em suas mais diversas manifestações.

Relato essa frustração, como também posso denominar esse sentimento, ao ver um dos mais importantes grupos teatrais do país ser ignorado pela gestão da cultura local, que sequer forneceu alimentação, hospedagem e até mesmo- Pasmem! – água aos atores que de tão longe vieram se apresentar em nosso município.

No último sábado, meus amigos, o Teatro do Memorial Antonio Conselheiro, que serve exclusivamente para ‘nada’, abrigou a 12ª Mostra Brasileira de Teatro Transcendental, um esforço gigantesco de nosso amigo Kalil Gibran para trazer um espetáculo da Mostra à Quixeramobim.

O acertado foi que Kalil traria o espetáculo e, em contrapartida, a gestão da cultura local faria o mínimo, que seria disponibilizar hospedagem para os atores, alimentação e espaço cênico para a realização da peça “As Irmãs Buonanotte”, do grupo “Amigos da Luz”, do Rio de Janeiro. Tudo estava certo até o momento em que a gestão da cultura se ausentou dessas responsabilidades simples e transformou a apresentação em uma tremenda dor de cabeça para os produtores.

Para você, caro leitor, ter a devida noção, eu fui à minha casa buscar o espelho do meu quarto para que os atores pudessem se maquiar para o espetáculo. Não é o cúmulo?! Certamente! Ah, antes que você pense que a apresentação não aconteceu, afirmo que aconteceu sim, e foi um sucesso, mesmo sem apoio da gestão da cultura. Muitos são aqueles que abraçam a causa da cultura local, que comparecem e que gostam de ver movimentação nos espaços que deveriam funcionar como locais de cultura (estou falando do Memorial Antonio Conselheiro). Estava lotado! Graças à Deus!

Os amigos da Fundação Canudos, com um trabalho de formiguinhas pelo celular, pelo rádio, pela internet reuniram mais de cem pessoas no Teatro do Memorial, o que confirma o que já disse, que muitos gostam de ver movimentação nos espaços que deveriam funcionar como locais de cultura em Quixeramobim, que empenham-se para fazer as coisas acontecerem.

Enquanto várias cidades disputam uma oportunidade de receber um espetáculo desse nível, Quixeramobim o ignora. Aliás, não o ignora simplesmente, mas quase o inviabiliza. Não havia luz, não havia som, não havia cadeiras suficientes para acomodar o público, mas o pior: Não houve boa vontade nem compromisso com a cultura.

Porém, de sua passagem por Quixeramobim creio que os atores cariocas levarão mais do que uma má impressão. A fama de terra hospitaleira poderia ter se acabado aí, mas ainda existem nesta terra pessoas de bem que por seu sentimento de cidadania e, no caso aqui narrado, acometidas pela vergonha alheia, abraçam a cultura e acolhem iniciativas como esta, recebendo atores em suas próprias casas, bancando de seu próprio bolso a refeição do grupo de atores e da produção do evento e fazendo com que o espetáculo pudesse ser visto por mais de uma centena de pessoas.

Mas o fomento à cultura não deveria ser uma política pública, afinal não é direito constitucional? Então, até quando viveremos nessa situação? Será que espaços como o Memorial Antonio Conselheiro serão para sempre apenas elefantes brancos que existem, mas não funcionam? Não seria o caso de derrubá-lo e fazer um clube de forró, pois certamente teria apoio incondicional da gestão da cultura local?

Amigos, este é apenas um desabafo de alguém que foi e viu com os seus próprios olhos a materialização do descaso com a cultura, descaso este, aliás, presenciado gestão após gestão. Façam vocês também suas reflexões.

Só digo mais uma coisa: “Ê, Cultura!..”

Elistênio Alves
Graduando em Letras/Espanhol pela Universidade Federal do Ceará

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