O radialista iniciou a entrevista fazendo uma reflexão sobre a importância do trabalho dos garis e relatando a experiência do psicólogo social paulista Fernando Braga da Costa, que vestiu uniforme e trabalhou um mês como gari, varrendo ruas da Universidade de São Paulo, para concluir sua tese de mestrado da 'invisibilidade pública'. Ele comprovou que, em geral, as pessoas enxergam apenas a função social do outro. Quem não está bem posicionado sob esse critério, vira mera sombra social.
De origem simples, pouco estudo e uma vida marcada pelas dificuldades, riscos à saúde e preconceito social, os garis quixeramobiense disseram viver no dia a dia experiências muito semelhantes às relatadas pelo psicólogo que se passou por gari. A indiferença é a pior delas.
Antonio Wilson, que era agricultor, disse que sua saída do campo deu-se em razão da seca e da falta de condições de trabalho na agricultura. Afirmou que “se dói” quando vê que as pessoas não respeitam e não reconhecem seu trabalho, mas é graças a esse trabalho que consegue sustentar dignamente sua família. Visivelmente emocionado, Wilson desabafou que as pessoas zombam de sua esposa, pois a mesma cata latinhas para ajudar nas despesas de casa, como o pagamento da conta de luz.
Já Antonio Odílio, disse sentir que há na sociedade um preconceito contra a categoria e que muitas vezes as pessoas pensam que por exercerem a função de gari, os mesmos são ‘sujos’. “A gente é ser humano, tem que ser respeitado como todas as pessoas”, afirmou o gari que, apesar disso, diz orgulhar-se do seu trabalho: “Tudo que a gente for fazer tem que dar valor. Dou muito valor àquilo que faço e agradeço a Deus e às pessoas que me deram essa oportunidade de trabalho”, completou.
Francisco Odílio afirmou que há muitas pessoas que não reconhecem o seu trabalho, que não vêem a importância do que os garis fazem pela cidade, e citou a limpeza do açude da Pompéia, dizendo que muitas vezes os garis fazem o trabalho e a população não colabora, voltando a jogar lixo em lugares impróprios e sujar em seguida. “A gente limpa num dia e no outro tá pior”, disse.
Postado por: Jornalismo - SMC
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