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quinta-feira, 16 de maio de 2013

Dia do Gari: "As pessoas acham que somos sujos, mas a gente é ser humano", desabafa gari

Ninguém quer lixo dentro de casa e quando as ruas estão sujas todo mundo sente a falta deles, mas no dia a dia quase ninguém os enxerga. Os garis fazem parte de uma categoria de pessoas fundamentais à sociedade e o programa Sérgio Machado com o Povo, da Rádio Campo Maior AM 840, fez uma homenagem especial a eles na manhã de hoje. Os irmãos Francisco Odílio Sousa Filho e Antonio Odílio Sousa, e o amigo Antonio Wilson Rufino de Sousa, que exercem a função no município foram convidados especiais do programa e relataram a sua experiência como garis em Quixeramobim.

O radialista iniciou a entrevista fazendo uma reflexão sobre a importância do trabalho dos garis e relatando a experiência do psicólogo social paulista Fernando Braga da Costa, que vestiu uniforme e trabalhou um mês como gari, varrendo ruas da Universidade de São Paulo, para concluir sua tese de mestrado da 'invisibilidade pública'. Ele comprovou que, em geral, as pessoas enxergam apenas a função social do outro. Quem não está bem posicionado sob esse critério, vira mera sombra social.
O psicólogo sentiu na pele o que é ser tratado como um objeto e não como um ser humano. “Professores que me abraçavam nos corredores da USP passavam por mim, não me reconheciam por causa do uniforme. Às vezes, esbarravam no meu ombro e, sem ao menos pedir desculpas, seguiam me ignorando, como se tivessem encostado em um poste, ou em um orelhão”, disse o pesquisador.

De origem simples, pouco estudo e uma vida marcada pelas dificuldades, riscos à saúde e preconceito social, os garis quixeramobiense disseram viver no dia a dia experiências muito semelhantes às relatadas pelo psicólogo que se passou por gari. A indiferença é a pior delas.
 Antonio Wilson, que era agricultor, disse que sua saída do campo deu-se em razão da seca e da falta de condições de trabalho na agricultura. Afirmou que “se dói” quando vê que as pessoas não respeitam e não reconhecem seu trabalho, mas é graças a esse trabalho que consegue sustentar dignamente sua família. Visivelmente emocionado, Wilson desabafou que as pessoas zombam de sua esposa, pois a mesma cata latinhas para ajudar nas despesas de casa, como o pagamento da conta de luz.

Já Antonio Odílio, disse sentir que há na sociedade um preconceito contra a categoria e que muitas vezes as pessoas pensam que por exercerem a função de gari, os mesmos são ‘sujos’. “A gente é ser humano, tem que ser respeitado como todas as pessoas”, afirmou o gari que, apesar disso, diz orgulhar-se do seu trabalho: “Tudo que a gente for fazer tem que dar valor. Dou muito valor àquilo que faço e agradeço a Deus e às pessoas que me deram essa oportunidade de trabalho”, completou.
Francisco Odílio afirmou que há muitas pessoas que não reconhecem o seu trabalho, que não vêem a importância do que os garis fazem pela cidade, e citou a limpeza do açude da Pompéia, dizendo que muitas vezes os garis fazem o trabalho e a população não colabora, voltando a jogar lixo em lugares impróprios e sujar em seguida. “A gente limpa num dia e no outro tá pior”, disse.

Postado por: Jornalismo - SMC

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