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quinta-feira, 31 de maio de 2012

Canindé: Gado de alta linhagem vai para o abate

Enquanto a burocracia está sendo superada para viabilizar as ações de apoio aos produtores rurais afetados pela seca no Estado, a fome e a sede avançam deixando rastros de calamidade. Os Municípios que fazem parte dos Sertões de Canindé e Vale do Curu estão entre os que mais sofrem no Interior com a falta de água. A escassez afeta a população das comunidades rurais na pecuária, na agricultura e no consumo do recurso potável. A criação de animais é um dos setores mais atingidos.

Nos Sertões de Canindé muitos criadores de gado estão vendendo o que resta da maior seca dos últimos 30 anos para não ver os animais morrerem de fome e de sede. A cena é comum em muitas propriedades. Todos os dias chegam ao Matadouro Público da cidade de Canindé animais de alta linhagem, principalmente fêmeas e machos que foram comprados para reprodução, e consequentemente aumentarem a criação nas fazendas. Mas agora seus donos não querem ver seus animais se tornarem comida para urubus. O gado que deveria ser para melhorar o rebanho está servindo para o fornecimento de carne.

O criador Antônio José Honório da Silva, residente na Comunidade de Suíça, está vendendo seu rebanho a preço irrisório. "A coisa está ficando insustentável. Não tenho mais como manter os animais. Falta pasto e água. A única alternativa viável é vender e nada mais", lamenta o pecuarista, com os olhos cheios de lágrimas.

Segundo ele, uma vaca que custa R$ 3.200,00, mas os compradores só pagam R$ 900,00. "É triste ter que fazer isso, mas é o jeito. Melhor agir assim´´, lamenta. Na cidade de Tejuçuoca, animais também são afetados com a seca. Na localidade de Boa Ação, há gado em situação crítica. "Ou os governos Federal e do Estado tomam medidas urgentes ou vai morrer tudo de fome e sede", prevê o criador Osmar Ferreira da Silva, que ainda insiste em manter cinco vacas. Os animais já estão só "o couro e o osso", constata.

"É preciso alguém olhar com mais atenção para esses problemas que estão tomando dimensões assustadoras porque, caso contrário, só vai escapar de quatro pés cadeiras e mesas", avisa seu Osmar. Ele ainda não vendeu seus animais porque não tem mais quem queira comprar. "Isso aí agora vai servir de comida para os urubus", diz, apontando para o gado no curral.

O problema da seca no sertão nordestino é muito antigo. O primeiro registro do flagelo ocorreu em 1559. Pesquisas confirmam que a irregularidade climática no semiárido é própria da região. A seca no Nordeste brasileiro equivale à neve nos países europeus, enquanto um fenômeno da natureza. Porém, as populações do semiárido ainda não aprenderam a conviver com estas irregularidades.

"A seca já deixa um rastro de prejuízos milionários, com o abate e venda anormais de rebanhos bovinos, queda na produção de leite e queijo´´, lamenta o gerente do Centro de Atendimento ao Cliente da Ematerce, em Canindé, Domingos Sávio. (Fonte: Jornal Diário do Nordeste)

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