Ela tem apenas dez anos, mas já viveu o significado da palavra racismo. Um colega de turma de estudante que mora em Horizonte, disse a ela que não queria ser seu amigo porque ela é negra. “Fiquei ofendida, mas não falei nada”, conta. O que ocorreu com ela é apenas um exemplo do que a campanha “Por uma infância sem racismo”, lançada ontem na Assembleia Legislativa, quer combater.
A campanha é uma iniciativa do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e pretende fazer um alerta sobre a necessidade de uma mobilização que assegure o respeito à igualdade étnico-racial desde a infância.
Para a coordenadora do Unicef no Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte, Ana Márcia Diógenes, estudos apontam que já na primeira infância a criança diferencia pessoas pela cor da pele. “É preciso que os adultos façam esclarecimentos, pois se não há direcionamento, ela pode se tornar uma pessoa preconceituosa”, avalia.
Ana Márcia explica que a campanha vai trabalhar por meio de cartazes, vídeos e outros meios os impactos do racismo na infância. De acordo com o IBGE, 72% das crianças pobres, no Ceará, são negras. Na faixa etária entre 10 e 15, 86% das crianças e adolescentes do Estado exploradas pelo trabalho infantil, 86% são negras. São consideradas negras a soma das crianças que se declaram pretas ou pardas.
Para Zelma Madeira, do Fórum Permanente de Educação e Diversidade Étnico-racial do Ceará, a escola ainda é um lugar de discriminação. “Isso não é discutido. Os gestores ainda não consideram o tema importante”, arremata. Segundo ela, não são comprados materiais didáticos adequados e falta capacitação para os professores.
A professora de escola indígena Evonilda do Nascimento sugere que as escolas convencionais levem os alunos para conhecer as aldeias e a cultura dos índios. “Com isso, eles veriam a nossa realidade”, pontua. (Thiago Mendes)
SAIBA MAIS
Confira mais detalhes sobre a campanha no bloginfanciasemracismo.org.br Lá é possível incluir depoimento sobre ações de combate ao racismo na infância.
A Lei de Diretrizes e Bases (LDB) da Educação prevê a obrigatoriedade,
nos níveis fundamental e médio, do ensino da história e da cultura dos povos africanos e indígenas e suas contribuições para a formação da sociedade brasileira
A Assembleia Provincial declarou extintos os índios no Ceará, em 1863. Weibe Tapeba, liderança indígena presente à solenidade de ontem, solicitou que os deputados da Assembleia Legislativa revoguem
o decreto. “Está mais do que na hora desta Casa reconhecer
oficialmente a existência e a resistência dos povos indígenas”, destacou.
Fonte:O Povo
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