O PSDB foi adiante em sua decisão de lançar candidatura própria a governador do Ceará e ontem anunciou que o deputado estadual Marcos Cals será concorrente na disputa contra Cid Gomes (PSB). Chama a atenção o fato de os tucanos terem escolhido um ex-secretário do governador, que até abril passado respondia pela política penitenciária do Estado. De cara, a escolha sugere que o PSDB fez opção por um discurso sem confronto com a gestão de Cid. Deputado estadual desde muito jovem, ao longo de seis mandatos na Assembleia Legislativa, Cals sempre teve uma atuação discreta. No Legislativo, assumiu postos de comando na Mesa Diretora até ser eleito presidente da Casa em 2003. Sua primeira eleição como deputado estadual coincide com a chegada ao poder de Tasso Jereissati, em 1986. Não é tucano de primeira hora, mas, no parlamento, sempre compôs a base de todos os governadores (Tasso, Ciro Gomes, Lúcio Alcântara e Cid). Antes de se filiar ao PSDB, pertencia à área de influência do partido como filiado ao nanico PSD. É de perfil moderado. Foi o deputado estadual mais bem votado em 2006, obtendo 104.350 votos (fonte: Anuário do Ceará).
UM OUTRO PROJETO
Logo que o nome de Marcos Cals foi anunciado os bastidores se dedicaram a analisar o significado da decisão tucana. A primeira impressão sugere que os tucanos optaram por uma linha sem confrontos com a gestão de Cid. Assim, o grande objetivo do lançamento seria dar uma resposta à pressão nacional do PSDB por um palanque majoritário no Ceará. Seria politicamente complicado para os tucanos, principalmente para Tasso, apoiar um candidato a governador que será o principal cabo eleitoral de Dilma Rousseff no Ceará. Aliado ao DEM, o PSDB terá uma boa fatia no horário gratuito. Um razoável tempo na TV que, se bem usado, pode criar as condições para que Cals se torne alternativa para futuros embates eleitorais. A próxima eleição para a Prefeitura de Fortaleza, por exemplo.
O RISCO DE UMA DERROTA
A situação se mantém completamente aberta entre os partidos que compõem a aliança que está à frente do Governo. O PT fará seu encontro no próximo sábado. Mais de 600 delegados vão a voto. Até ontem, a tese que mais parecia prosperar apontava para o seguinte: bancar a candidatura de José Pimentel para o Senado e deixar que Cid Gomes indique o vice numa lista a ser sugerida pelos partidos. Não é o que o PSB cidista e o PMDB consideram ideal. Cid Gomes está preso ao compromisso com Eunício Oliveira (PMDB). Com duas candidaturas de peso (Tasso e Pimentel) na disputa das duas vagas de senador, o risco é grande para o peemedebista. Trocando em miúdos, uma derrota de Eunício seria uma derrota do próprio Cid. Daí, as resistências de se aceitar compor uma chapa de senadores com Pimentel e Eunício.
TESES PARA TODOS OS GOSTOS
Como é peculiar ao PT, fervilham as possibilidades em análise pela sigla. No encontro da executiva estadual que entrou pela madrugada de hoje, foram três as teses postas na mesa. Uma é bancar Pimentel e deixar o vice com Cid. Outra é forçar as circunstâncias até criar as condições para um apoio informal a Cid. Ou seja, abandonar a aliança formal e bancar a candidatura de Pimentel. Com isso, Cid perderia o tempo que o PT proporciona no horário gratuito e perderia também o palanque de Dilma no Ceará. A maioria do encontro rechaçou a tese por um motivo muito simples: além de Pimentel, a prioridade é a candidatura de Dilma. A tese abriria a possibilidade de pressão do comando nacional petista sobre a seção cearense do partido. Por fim, a terceira tese colocada no encontro da executiva petista é o rompimento com Cid e a formação de uma aliança com o PR de Lúcio Alcântara.
LANTERNA NA PROA
O governador Cid Gomes se mantém distante das discussões. Da África do Sul, avisa que seu único compromisso é com a candidatura a senador de Eunício Oliveira. Um compromisso que vem desde 2006. Da mesma forma, o governador, com semblante tranquilo em entrevista para a TV O POVO, mantém o discurso da aliança com os petistas. Na sua volta, terá que enfrentar a questão. Nesse processo, há o peso de Ciro Gomes. O petismo (o nacional, não o local) se sente devedor na relação com o ex-ministro da Integração. Há sinais de que Ciro vai conversar com Dilma. Há outros pesos a considerar: na última disputa, o apoio de Cid Gomes à Luizianne Lins (PT) foi muito além do que se esperava. O posicionamento inequívoco do governador a favor da reeleição da prefeita lhe trouxe dissabores familiares. Na gestão, Cid tem mantido uma linha de bancar recursos para importantes projetos da Capital. Na polêmica do estaleiro, teve que assimilar uma derrota, mas logo passou a olhar pra frente. Um importante petista ouvido pela Coluna sugere o mesmo: olhar pra frente para manter a aliança com Cid
Fonte:Jornal O Povo(Fábio Campos)
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