Quixeramobim: Cemitério Nossa Senhora do Carmo necessita de atenção urgente

O Cemitério Nossa Senhora do Carmo, em Quixeramobim, está necessitando de reparos, fiscalização e limpeza, visto que o espaço está cada vez mais ocupado por jazigos, túmulos e capelas, sendo construídos de forma desordenada, impedindo, muitas vezes, o tráfego de pessoas.

O problema de superlotação do espaço é recorrente, pois já foi abordado em matérias anteriores pelo blog Quixeramobim Agora, a fim de que fosse dada atenção especial ao cemitério, visto que constitui parte do patrimônio da cidade e necessita de cuidados.

Além disso, outro problema observado no local e relatado à reportagem deste site, trata-se da limpeza do mesmo. Restos mortais, pedaços de caixões entre os túmulos e matagal que chega à altura do joelho, figura o cenário do espaço. Conforme uma cidadã que resolveu ir visitar seus entes falecidos no cemitério, o estado do mesmo é de total abandono. O local conta com somente um coveiro, o sr. Fernando, que possui 75 anos de idade.

Referência em arquitetura Colonial
A Capela do cemitério nossa Senhora do Carmo é destaque por seu formato circular, modelo e suas características únicas em todo o continente americano, tendo apenas uma similar na África.

A planta da capela apresenta formato circular, tendo no centro da cobertura uma circunferência de madeira, e em cima uma abóboda de alvenaria. As portas possuem o formato de um arco pleno, e as calçadas são formadas por grandes blocos de pedras, o que a torna um diferencial em relação às outras obras de cunho religioso. O templo conta ainda com uma bela estrutura de ferro que o cerca completamente.

A construção da Capela guarda a história do tempo colonial. Em 2014, a obra completou 160 anos de existência, abrigando um misto de religiosidade, cultura e história. O projeto arquitetônico deu-se por volta de 1854, e a obra foi finalizada em meados de 1869. A necessidade de sepultar os mortos em local adequado fez com que o Frei Serafim de Catânia assumisse a construção do prédio.

Á época, o sepultamento refletia a posição social do indivíduo, ou seja, a sua importância no meio onde vivia. Rico ou pobre, em Quixeramobim não era diferente. Os donos de terras, comerciantes e componentes do clero tinham seus lugares garantidos nas igrejas.

De início, os corpos sepultados nos templos religiosos não incomodavam, mas com o passar do tempo, o excesso de cadáveres nos templos, a putrefação e o odor emanado dos mesmos começaram a incomodar os frequentadores, surgindo a necessidade de se construir o Cemitério e a Capela para que as pessoas pudessem enterrar seus entes queridos sem prejudicar a saúde dos fiéis que iam às igrejas.

Mesmo sendo uma raridade e com toda sua importância história, a capela vem sofrendo com a ação do tempo, estando inclusive, interditada, por não oferecer segurança aos visitantes e necessitando urgentemente de restauro. Por ser considerada um marco, a Fundação Pró-Memória, de Minas Gerais, a inseriu no catálogo de raridades da arquitetura brasileira. (Do Repórter Ceará)