Entrevistado no início da tarde desta quinta-feira, 04, no programa Repórter Ceará da Rádio Campo Maior AM, o deputado estadual reeleito pelo PDT, Heitor Férrer, falou sobre o escândalo das Petrobrás e diversos outros assuntos que agitam os cenários políticos nacional e estadual.
Para ele, enquanto os cargos públicos no País, principalmente, dos setores técnicos, tiverem indicações políticas e forem ocupados por pessoas alheias às instituições, poderá haver corrupção: “Eu não entendo uma Petrobras ser comandada, dirigida por pessoas alheias a ela. A Petrobras, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, a Funasa, o BNDES, são órgãos que os dirigentes, diretores, presidentes deveriam ser seus próprios funcionários e não ter ingerência política” disse.
“Porque é que um presidente de partido, um senador, um governador, um deputado federal brigam por esses cargos? É porque querem se locupletar com o cargo, facilitar suas vidas nesses cargos, querem receber dinheiro público através desses cargos. E o escândalo da Petrobras, pode ter certeza, de que ele existe em todos os órgãos da administração pública. Claro que tem exceções, tem pessoas de bem, mas esses órgãos deveriam, ser dirigidos pelos seus próprios servidores efetivos, não poderia nem deveria ter indicação política porque quando há indicação política há outros interesses divergentes do que a população deseja” defendeu.
Para Heitor, é preciso não apenas combater a corrupção, mas entender o papel do eleitor na sua dinâmica: “Eu considero o eleitor que se vende na mesma posição do receptador do roubo. O eleitor que vende seu voto é tão criminoso quanto o receptador de roubo. Se não houvesse o receptador, não estaria sendo assassinada nesse momento uma pessoa. O cara vai roubar seu celular e matar porque existe algum cretino que vai receber o celular por um preço vil”.
O deputado pedetista defende uma remodelagem na administração pública: “O escândalo da Petrobras é um espelho da administração publica do Brasil e isso tem que ser remodelado”, disse, defendendo mais uma vez os critérios técnicos em detrimento dos políticos para a indicação de nomes a cargos públicos: “O prefeito de Fortaleza nomeia 4000 cargos comissionados, o governador nomeia 8000 e a presidente da República, 23 mil cargos comissionados. Isso é um chamariz para pessoas que são indicadas por políticos e autoridades outras. Essa estória de indicação para cargos públicos deveria ser muito reduzida e estar nas mãos dos servidores efetivos da administração pública”, pontuou, criticando ainda os financiamentos de campanhas por parte de empreiteiras, o que segundo ele, é outra prática fomentadora da corrupção no país.
Sobre o envolvimento da cúpula do Partido dos Trabalhadores (PT) em escândalos, Férrer afirmou: O PT, a cada dia que passa vai se derretendo, vai perdendo sua credibilidade e a sua referência de partido político que foi. Eu digo que aprendi muito com o início do PT, devo muito a muitos dos seus deputados, convivi com muitos deles. “O PT tem figuras extraordinárias, mas o partido, na sua cúpula, se degenerou e decepcionou a todos nós”.
Ao analisar a gestão do prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio (PROS), Heitor comparou sua gestão à de Luizianne Lins (PT):”Gosto muito da Luizianne, fomos colegas de Câmara de Vereadores, mas acho que ela fez muito pouco. O Roberto Cláudio fez muito mais que ela.Obviamente que se ela toma conhecimento do que estou falando, pode até ficar chateada, mas acho que a administração do Roberto Cláudio no final fará muito pela cidade de Fortaleza.Torço que sim porque eu não sou daqueles que sou oposição e vou apostar para que o cara fracasse para que eu possa brilhar. Eu quero é que ele administre bem porque o resultado é o bem estar das pessoas”.
Sobre o direcionamento de seu partido, o PDT, nas eleições municipais vindouras, opinou: “O André(Figueiredo, presidente da sigla) certamente fará com que o partido tenha candidato à Prefeitura. Sempre falam no nosso nome, mas tenho dito a André que nós precisamos sentar para termos um projeto para a cidade, um projeto que seja diferente e exequível, porque nós não podemos prometer coisas que não possamos cumprir. A ideia nossa -eu não seria hipócrita de dizer que não-, é disputar a eleição, agora isso é dito hoje e amanhã, o dia a dia é que vai dizer se seremos ou não” ponderou.
Questionado sobre informações de que o nome do presidente do seu Partido(PDT), deputado federal André Figueiredo, seria um dos cotados para a presidência da Câmara Federal, Heitor Férrer disse acreditar que o deputado tenha o perfil necessário ao cargo: “ É empresário, sabe administrar uma empresa, sabe administrar o partido que cresceu muito nas mãos dele, pois tem organizado o partido em todos os municípios, portanto, se fosse presidente da Câmara Federal, ficaríamos lisonjeadíssimos e felizes porque, certamente, daria um tom de muita moralidade dentro daquele poder legislativo”.
CPMF e expectativa em relação à Camilo Santana
Sobre o posicionamento em relação ao Governo do Estado a partir de janeiro de 2015, Heitor foi enfático: “Espero que Camilo tenha todas as energias e boas energias no sentido de bem administrar o Estado. Assim esperamos. Nossa posição será a mesma que adotamos com os governos de Lúcio Alcântara, de Cid Gomes. Será a mesma com ele: Aquilo que estiver correto vamos ajudar e aquilo que acharmos que não esteja correto vamos criticar e obstruir, vamos tentar não prevalecer. Por exemplo, o Camilo Santana tem acenado aí para a criação da CPMF. Eu sou totalmente contra a criação de um novo imposto no Brasil. O Brasil é o sétimo país mais rico do mundo e o 14º a cobrar mais imposto do povo. Como criar mais um imposto, que é a CPMF? E, infelizmente nós não temos bons serviços de volta, não temos escola pública de qualidade em tempo integral, que é o que o PDT defende, não temos segurança pública.O Brasil é um dos países mais violentos do planeta; Não temos estradas com segurança, então nós arrecadamos muito e devolvemos muito pouco à sociedade brasileira. É inadmissível se criar um novo imposto no Brasil. Eu, se fosse deputado federal, não votaria a favor, e já fiz pronunciamento contrário aqui, à posição do futuro governador de estar liderando esse movimento para a criação de mais um tributo para o povo pagar”.
Governo Dilma
A economia brasileira não está bem, a Dilma terá que fazer ajustes e eu coloquei hoje no meu facebook que é muito fácil resolver problema financeiro criando imposto a mais.O que tem que ser feito no Brasil é conter os gastos e os desvios do dinheiro público e priorizar as prioridades. Se isso acontecer, vamos no caminho correto. O que acontece no Brasil é que o ralo da corrupção leva muito. A Petrobrás é um exemplo disso. E também falta capacidade técnica a quem nos conduz nas mais variadas áreas. Aqui no Ceará, por exemplo, quem é o secretário de saúde é o Ciro Gomes, irmão do governador. O que é que o Ciro Gomes entende de saúde? Quem administra é o Acilon Gonçalves, que é médico, mas o secretário é o Ciro Gomes, advogado, homem extremamente inteligente. “Mas eu acho que as áreas tem que ser entregues aos técnicos” disse.
Apesar da crítica pela ocupação do cargo de secretário da saúde por Ciro Gomes, Heitor elogiou o Governo do Estado na área, sobretudo pela construção dos hospitais regionais, como o que está sendo construído em Quixeramobim, no Sertão Central: “Uma das grandes marcas do governador Cid Gomes(hospitais regionais). Elogiei desde o inicio da concepção do projeto. Ele deixa uma marca extremamente positiva que são os hospitais regionais, as policlínicas, as UPA’s, que são do governo Federal em convênio com o Governo do Estado. Uma das marcas boas do governador Cid é essa estrutura que ele deu à saúde pública. É inimaginável o Estado do Ceará hoje sem esses hospitais regionais. Esses hospitais era para terem sido feitos há mais de vinte anos . Nós estamos entregando obras que estão atrasadíssimas, mas precisou a sensibilidade do governador Cid Gomes de fazer estas obras. Ele fez grandes equipamentos e, obviamente que o custeio é alto, mas não me venham dizer que o Estado não tem dinheiro para isso. Os hospitais regionais foram obras de grande acerto da política pública do governador Cid Gomes.Nessa área ele está de parabéns”.
A manutenção desses hospitais, apontada por muitos como um dos motivos que justificariam a criação do novo tributo, não é aceita pelo deputado: “Na manutenção vai se gastar, por ano, o que se gastou na construção desses hospitais, mas nós temos que ter dinheiro para isso porque o povo é quem paga tudo e, se o povo paga tudo, tem que ter hospital par se internar, se tratar e sair curado. Não se justifica você ter um equipamento e não funcionar. Portanto, esse discurso de que o custeio vai ser elevado, de que precisa criar um novo tributo, eu ontem fiz o seguinte link: ‘Interessante que os deputados estão defendendo a criação de um novo tributo, mas está aqui que os municípios não podem pagar nem décimo terceiro e defendem a criação de novos municípios. Como é que os municípios não podem pagar nem décimo terceiro aos seus servidores e está se defendendo a criação de novos municípios, com a emancipação de distritos? Vamos defender novos impostos e novas prefeituras que gastam muito, que são novos prefeitos, novos vereadores, novas secretarias, novos nepotismos e novos desvios de dinheiro do povo. Eu sou contra a emancipação de distritos’. O Brasil precisa é conter os gastos públicos e a roubalheira desenfreada que acontece de Norte a Sul e de Leste a Oeste”, concluiu.
Postado por: Jornalismo - Sistema Maior de Comunicação
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