Deu no O Povo de ontem: "Estou disposto a fazer aquilo que for necessário por este partido", disse o senador Tasso Jereissati (PSDB), após ouvir gritos de correligionários por sua candidatura ao Governo do Estado. A frase foi proferida na convenção tucana que renovou a direção do partido no Ceará. Qual o significado da frase? Tudo e nada, ao mesmo tempo. Muitos se apressaram em tirar da frase a leitura de que o senador seria candidato a governador em 2010. O sudestino Folha de S.Paulo, por exemplo, se saiu com o seguinte título na edição de ontem: "Tasso admite disputar o Governo do CE em 2010". No mínimo, uma leitura precipitada e certamente distante da realidade. Indagado acerca da possível candidatura a governador, Tasso afirmou ao O Povo a sua crença de que a política é a "contínua renovação" e "arejamento de ideias". Trocando em miúdos, não há, por enquanto, novidade no front político. Quem tem fichas para jogar, melhor continuar apostando que Cid Gomes (PSB) terá o apoio, formal ou informal, dedicado ou não, de Tasso e do PSDB em 2010. A realidade política é que está impondo para que as coisas sejam assim. Não sendo Tasso o candidato, os tucanos vão fazer o que já fazem hoje: continuar apoiando Cid Gomes e seu Governo que tem no PT uma das principais bases. De resto, vão se esforçar para manter o tamanho da atual bancada, que concede ao partido a força necessária para não ser completamente engolido pelo Palácio Iracema.
"TODAS AS LIGAÇÕES, CARINHO, AMIZADE"
Durante a convenção tucana, o mais relevante no discurso do senador está na declaração de que apoiará o candidato do seu partido a presidente da República, apesar de "todas as ligações, carinho e amizade" que tem com Ciro Gomes, possível candidato pelo PSB. É esse o jogo mais importante a ser jogado. O senador tinha uma história partidária sem senões até as eleições de 2002. Ele e seu grupo político entraram no PSDB dois anos após a fundação do partido. Foi em 1989, quando os tucanos lançaram Mário Covas (SP) para a presidência da República. Na eleição seguinte, em 1994, Tasso exercia a presidência da sigla e teve papel fundamental nas articulações para eleger Fernando Henrique Cardoso presidente do Brasil. Por aqui, Tasso conseguiu também sua segunda eleição para o Governo. Em 1998, a dose foi repetida com as reeleições de Tasso e FHC. Naquele ano, Ciro concorreu à presidência. Ciro não tinha chances e Tasso ficou com FHC. Em 2002, seria a vez de Ciro. José Serra era o candidato tucano. No âmbito do PSDB, Tasso se lançou candidato. Pediu prévias. Era o movimento para, insatisfeito com o desenrolar, justificar seu futuro apoio a Ciro. E assim foi. Ciro cresceu e o apoio de Tasso, que disputava o Senado pelo Ceará, ficou claro. No decorrer da campanha, Ciro virou alvo de Serra. A candidatura do cearense sucumbiu. No PSDB ficou o dito pelo não dito. Tasso manteve-se no partido e não recebeu nenhuma censura oficial. Para 2010, vamos aguardar se "todas as ligações, carinho e amizade" vão ou não se fazer valer.
A POLÍTICA NO REINO DAS METÁFORAS
Quando o País aprovou a permissão para que presidente, governadores e prefeitos tivessem o direito a disputar um segundo mandato, sabia-se dos problemas que iriam surgir. O básico: como separar as ações de Governo de campanha eleitoral? A resposta é simples: basta não pedir votos nos eventos de cunho administrativo. Na verdade, o problema já existia. Era difícil separar as coisas quando um chefe de executivo levava o seu candidato à sucessão a tiracolo para as inaugurações e afins. É o que ocorre agora com a dupla Lula/Dilma. Nesse caso, a linha que separa uma coisa da outra é ainda mais tênue porque a candidata de Lula compõe seu staff e tem um papel de grande relevo na gestão. Não há como impedir que Lula e Dilma andem juntos. Não há nada de ilegal nesse formato. Estão livres para percorrer o País, para vistoriar obras, para inaugurar. Só não estão livres para fazer campanha pedindo votos. E é exatamente isso que faz Lula. E o presidente o faz desdenhando da oposição e, de certa forma, da Justiça Eleitoral. É a ânsia de viabilizar a candidatura da ministra Dilma Rousseff, que já está adotando as metáforas de seu patrocinador político. Vejam: "É preconceito contra a mulher. Eu posso ir para a cozinha, cozinhar os projetos. Agora, na hora de servir, não posso nem ver?". A ministra está dizendo que se o candidato de Lula fosse um homem não haveria críticas a esse comportamento deletério.
(Fonte: http://opovo.uol.com.br)
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terça-feira, 27 de outubro de 2009
Os caminhos tucanos no Ceará
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