Dona Rose, mãe da Stefhani Brito, jovem morta por ex companheiro em janeiro de 2018 e preso em fevereiro passado. |
Ao passo que essa realidade aponta caminho exaustivo e tortuoso a ser percorrido em busca de igualdade e justiça, há uma rede de mulheres se fortalecendo umas com as outras. Juntas e com a esperança de um futuro livre. Ao longo de décadas, as lutas feministas resultaram em uma série de legislações e construção de políticas públicas de enfrentamento à violência. Entre elas, leis como a do Feminicídio, a recente Lei da Importunação Sexual e a Lei Maria da Penha, que é reconhecida internacionalmente como uma das melhores legislações do mundo no âmbito de proteção às mulheres.
Para especialistas, no entanto, essas políticas precisam ser melhor implementadas para que cheguem à erradicação de todas as etapas do ciclo da violência: o antes, com políticas educativas; o durante, na assistência de segurança diante de denúncias; e o depois, na rede de apoio.
"A gente entende esse fenômeno, bastante complexo e que está relacionado a questões culturais e estruturais da nossa sociedade. Ele exige políticas públicas de enfrentamento que ganhem maior efetividade, maior capilaridade para que o atendimento dessa vítima possa ser feito de forma mais efetiva", afirma Cristina Neme, consultora do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que participou da análise da pesquisa.
Destrinchando melhor esses números, é perceptível que além do recorte de gênero - de mulheres que são agredidas e mortas unicamente pelo fato de serem mulheres - há também o recorte de raça e idade. A maior parte das vítimas são jovens negras. "Se a gente pensa em meninas, jovens negras que moram na periferia e todos os processos e as violências que elas vivenciam (falta de acesso a serviços básicos e negação de direitos), isso vai fazer com que elas tenham descrença no aparato institucional jurídico", explica Hayeska Costa, pesquisadora do Observatório da Violência contra a Mulher (Observem).
Há uma epidemia social a ser enfrentada: a cultura do machismo. A maioria dos crimes de violência contra a mulher ocorre em casa e em mais de 70% das vezes o agressor é conhecido. Faz parte da insólita rotina dessas vítimas ter o lar como local de sofrimento. A pesquisa do Fórum traz outro percentual grave que é da subnotificação. Mais de 50% das mulheres agredidas não buscam ajuda, seja das instituições de proteção, seja da família.
O enfrentamento da violência é uma tarefa de toda a sociedade, é o que ensina Jeritza Braga Lopes, Supervisora do Núcleo de Enfrentamento à Violência contra a Mulher (Nudem) da Defensoria Pública do Ceará. Este dia, lembra que o fortalecimento deve ser uma busca constante. (Do O Povo Online)
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