Festival celebra Pedro Boca Rica

No Ceará, epicentro de diversas manifestações da cultura popular de bonecos, Pedro dos Santos de Oliveira surge como figura expoente e central. Morto em 1991, o legado do Mestre Pedro Boca Rica, como era conhecido por conta dos dentes revestidos de ouro, segue reverberando no Estado através de inúmeras iniciativas. Entre elas, o Festival Internacional Mestre Pedro Boca Rica de Teatro de Boneco (FIB), que chega nos próximos dias 25, 26 e 27 ao Theatro José de Alencar, em Fortaleza. Na programação, totalmente gratuita, apresentações de espetáculos, seminário e mostras.

Como define Rejane Reinaldo, coordenadora geral do Festival e diretora do Teatro da Boca Rica, o homenageado no FIB foi "o grande mestre, inspirador e formador dos criadores e artistas de boneco do Ceará, do Nordeste, do Brasil". "Ele é um dos mais importantes artistas cearenses. Não à toa, ele tem peças, obras e bonecos espalhados por São Paulo, Rio de Janeiro, Japão, França, Estados Unidos", lista. Graça Freitas, do tradicional grupo Formosura - que apresenta espetáculo no FIB - faz coro: "O Boca Rica é nosso mestre maior. Foi com ele que a maioria dos que hoje fazem teatro de bonecos aprendeu a importância do mamulengo, do boneco tradicional e, principalmente, a abrir os olhos para a infinita riqueza do teatro tradicional popular", reconhece.

O festival que leva o nome de Boca Rica foi desenvolvido para homenagear o que seriam os 80 anos de Boca Rica, comemorados em 2016, e teve programação dividida em duas partes: a primeira aconteceu no fim do ano passado com convidados internacionais e discussões de pesquisa. "Agora, vamos centrar na mostra de vídeos, na de fotografias, no seminário com estudiosos que trabalharam na academia a obra do homenageado e também na apresentação de grupos de teatro de bonecos", elenca a coordenadora. Rejane destaca em especial a participação do artista popular Valdeck dos Garanhuns, que apresenta, no dia 27, às 19 horas, Folia Brasileira, com participação especial do sanfoneiro e bonequeiro Wagner dos Santos Oliveira, sobrinho de Pedro Boca Rica, e do grupo Regional de Ocara. "Valdeck conheceu Pedro e a família, brincou e conviveu com ele. Traz essa memória para o festival", explica.

Graça e Rejane ressaltam a importância da manutenção dessa arte em diferentes níveis. "Um festival como esse provoca intercâmbio e memória criativa entre os mestres e os fazedores da cena de agora. Ele arremessa para cima essa arte. O teatro de boneco é de resistência: ele não morreu e nem morrerá, porque está incrustado na cultura tradicional popular do Ceará, do Nordeste, do Brasil", pontua Rejane. "Pensamos que a cultura e a arte são dinâmicas, estão em movimento constante. Não pode-se negar suas raízes, mas também não há como recusar o momento presente. A arte é construída historicamente, se transforma, ao passo que revela sua matriz, sua origem. Celebrar essa cultura é oferecer às novas gerações a oportunidade de ter acesso a bens artísticos que não tem visibilidade na grande mídia", aponta Graça.

Destaques da agenda

25/08
18 horas - abertura oficial, no foyer, seguida de mostra audiovisual sobre Pedro Boca Rica
19 horas - Exposição Mestre Pedro Boca Rica: entre afetos, memórias e criações, na Praça Mestre Pedro Boca Rica
20 horas - Criaturas de Papel, do grupo Bricoleiros Teatro de Bonecos, no palco principal do TJA

26/08
17 horas - Espetáculo A bruxa e a Natureza, do grupo Calu Maravilha, na Praça Mestre Boca Rica

27/08
15h30 - Espetáculo O Boi Estrela, do Grupo Formosura, no palco principal
19 horas - Espetáculo Folia Brasileir, de Valdeck de Garanhuns com participação especial do grupo Regional de Ocara e do bonequeiro Wagner dos Santos Oliveira, no palco principal

Festival Internacional Mestre Pedro Boca Rica de Teatro de Boneco - FIB
Quando: 25 a 27 de agosto
Onde: Theatro José de Alencar (rua Liberato Barroso, 525)

Entrada gratuita. (Do O Povo)