Com a palavra o padre Reginaldo Manzotti

Filhos e filhas,
Já estamos na última semana de janeiro, o primeiro mês do ano praticamente já se foi. É tempo de retornar as atividades, à rotina do dia-dia, de encarar os velhos e os novos problemas que certamente teremos. Por isso, o importante é saber como enfrentar as adversidades e se caminharmos com Deus, tudo fica mais fácil, pois como Jesus nos disse: o meu jugo é suave e o meu fardo é leve (Mt 11, 30).

Nos meus programas de rádio e TV, sempre ouço muitos relatos de pessoas dizendo que nada dá certo na vida delas com um grande pessimismo. Mas, ao cristão não cabe cultivar pessimismo. Fui buscar o significado dessa palavra no dicionário e eis o que encontrei: “estado de espírito dos que pensam que tudo caminha para o pior” e “doutrina filosófica que afirma a existência do mal do mundo, de forma primária, substancial e predominante” ou “disposição de espírito que leva o indivíduo a encarar tudo pelo lado negativo, a esperar de tudo o pior”. Assusta-me pensar nisso como filosofia de vida, a mais conhecida é a Lei de Murphy: “Se alguma coisa pode dar errado, dará. Da pior maneira, no pior momento e de modo que cause o maior dano possível”. Porém, ressalto que na vida do cristão, deve predominar confiança, esperança e certeza da Providência Divina.

Muitas pessoas se tornam pessimistas em razão de seu histórico de contrariedades, e isso requer uma cura interior para recuperação da autoestima e retomada da capacidade de enxergar o lado bom, mesmo quando há sofrimento. A cura, em Deus, é possível, como relato no livro Feridas da Alma. É possível tirar lições valiosas de acontecimentos ruins. Pedro, após a negação a Jesus, alcançou o perdão e se tornou chefe da Igreja nascente. Maria, diante da crucificação, confiou em Deus e soube esperar a madrugada da Ressurreição; já Judas, o traidor, foi pessimista, e se matou.

No Antigo Testamento, temos o exemplo de Jó, até fizemos a leitura orante desse livro durante o programa de rádio Experiência de Deus. Ele tinha tudo para ser pessimista, mas firmou sua confiança e esperança em Deus e soube passar pelas provações. Cabe a nós termos confiança redobrada, pois, em relação a Jó, possuímos a vantagem de conhecer o amor de Deus revelado em Jesus Cristo, nosso intercessor perante o Pai. É preciso crer na Sua Palavra: “No mundo, tereis tribulações. Mas, tende coragem! Eu venci o mundo!” (Jo 16, 33).

É possível vencer na vida com dedicação e coragem. Não se acomode com medo de tentar. O pessimismo pode ser um tipo de defesa para não encarar a decepção. Há que se lutar contra a tendência de acreditar no pior e esperar por ele.

Façamos uso daquilo que o Senhor nos quer dar, a paz e a serenidade para carregarmos a cruz de cada dia. Ele não nos prometeu que não teríamos sofrimentos, sim que estaria ao nosso lado no momento de enfrentá-los. Temos a nosso favor a ação do Espírito Santo, que nos concedeu dons e estimula em nós virtudes e sentimentos como fé, amor, força, convicção e perseverança. Conforme nos diz São Paulo, Apóstolo: “O Deus da esperança vos encha de toda a alegria e de toda a paz na vossa fé, para que pela virtude do Espírito Santo transbordeis de esperança!” (Rm 15, 13).

Quando existe a fé verdadeira, não há lugar para incertezas. Todos os dias somos chamados a reagir de diferentes modos diante das dificuldades, e o Senhor está a garantir: “Basta-te minha Graça, porque é na fraqueza que se revela totalmente a minha força” (2 Cor 12, 9a).

Gostaria ainda nessa mensagem de parabenizar a cidade de São Paulo, que no último domingo completou 461 anos. Que esse grande Apóstolo conduza os governantes e cidadãos da maior cidade de nosso país. Quero saudar também o Cardeal Arcebispo Dom Odilo Pedro Scherer que realiza um belo trabalho frente à essa Arquidiocese.

Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti