O médico Ortelio Jaime Guerra é o segundo caso registrado de cubano que abandona o programa federal Mais Médicos. Assim como sua compatriota Ramona Matos Rodriguez, ele buscou os Estados Unidos como forma de não voltar a Cuba. Os EUA possuem um programa de vistos específicos para profissionais cubanos em missão no exterior que não querem retornar à ilha.
Em sua página no Facebook, Guerra contou, na madrugada de ontem, ter deixado o posto em Pariqueira-Açu (SP), município de cerca de 20 mil habitantes, e já estar nos Estados Unidos. "Meus amigos de Pariqueira-Açu, eu preciso que vocês saibam que tive que ir embora de lá sem falar isso pra ninguém por questões de segurança", diz o médico na rede social, em um misto de português e espanhol.
"Estou bem, agora nos Estados Unidos, e ainda que considere preciso dar este passo sempre me sentirei muito orgulhoso de minha terra e minhas raízes", postou o médico. O médico não dá detalhes dos motivos que o levaram a abandonar o programa. Segundo seu perfil, ele é especialista em nefrologia, formado no Instituto Superior de Ciências Médicas de Camaguey.
A secretaria de saúde da cidade paulista confirma a desistência do médico, sem dar mais detalhes. O Ministério da Saúde também confirma a saída do médico cubano do programa, mas diz ainda não ter mais informações.
Procurada, a Embaixada dos Estados Unidos não confirma a informação e afirmou que não comenta casos individuais.
Estão no Brasil cerca de 7.400 médicos cubanos, vindos ao país por meio de um acordo triangulado pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).
Caso Ramona
Na semana passada, Ramona Matos Rodríguez, outra médica cubana, deixou o Mais Médicos, dizendo se sentir enganada pelo governo cubano. O programa paga um salário de R$ 10 mil aos participantes, mas, no caso dos cubanos, o governo da ilha se apropria da maior parte dos rendimentos. Os médicos ficam com apenas US$ 1 mil, dos quais US$ 400 são depositados em uma conta bancária no Brasil.
Outros US$ 50 podem ser sacados por alguém indicado pelo médico em Cuba. Os outros US$ 550 vão para a ilha, podendo ser movimentados pelo profissional somente depois que voltar ao país. O secretário de Saúde de Pariquera-Açu, William Rodrigo Virgínio de Souza, também confirmou a saída de Ortelio.
O secretário também informou que já tomou todas as providências necessárias para repor o profissional. Ele afirmou ainda que há outros dois médicos trabalhando no município por meio do programa.
Desvirtuamentos
O caso da médica cubana ajudou o procurador do Ministério Público do Trabalho, Sebastião Caixeta, a esclarecer mais alguns pontos da investigação que analisa se o Mais Médicos viola a legislação trabalhista brasileira. Para ele, "há desvirtuamento na relação de trabalho". "O programa Mais Médicos tem sido avaliado como um projeto necessário para garantir o atendimento do direito fundamental à saúde mas ele tem sido implementado de maneira a sacrificar outros valores constitucionais", afirmou.
Na condição de testemunha, Ramona prestou depoimento no início da tarde de ontem no MPT, em Brasília. Ela contou como era sua rotina em Pacajá, no Pará, onde ela atuava desde outubro de 2013. A médica afirmou não saber quem era o brasileiro responsável pela supervisão das aulas de especialização. (Fonte: Jornal Diário do Nordeste)

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