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quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Xeque-mate, governador?

Em política, sua excelência, os fatos. Se ainda havia alguém falando grosso sobre sucessão municipal no partido do governador Cid Gomes, que limpe a garganta e trate de sentar à mesa: um fato novo pode dar fim à cena.

Para que não houvesse dúvidas, foi Luizianne Lins, prefeita e presidente do partido, quem trouxe a informação: o senador José Pimentel também se colocaria à disposição do partido como pré-candidato à sucessão.

Para os Ferreira Gomes, o problema não seria o senador, mas seu suplente. Eleito prefeito, Pimentel abriria vaga no senado para Sérgio Novaes, um “inimigo da família”, carne e unha com a prefeita da cidade.

Pimentel não aceitaria participar da manobra apenas por devoção ao sacrifício. Ele não poderá usar o clichê de que agiu como “soldado do partido”. Não. O senador tem o governo do estado no seu horizonte político.

Para chegar lá, sabe quão importante é manter seu partido no comando administrativo da capital e, para isso, a aliança com o governador nas eleições deste ano amplia, em meio às incertezas, as chances de vitória.

Ao colocar Pimentel no tabuleiro das tratativas, não moveu o PT uma peça com o objetivo alegado – seria um candidato capaz de unificar o partido. Conversa mole. A manobra visa um xeque-mate, render o governador.

Com Cid Gomes no colinho da loura, o partido estaria livre para indicar qualquer um de seus filiados como candidato a prefeito ser dar ao Ferreira Gomes a oportunidade de impor restrições de ordem maior.

Pimentel entraria em cena como bode na sala. Para evitar o pior pesadelo – legar a Sérgio Novaes seis anos de senado – o governador aceitaria perder uma noite de sono, aceitando qualquer outro nome, menos aquele.

Difícil seria acreditar que, conduzido à assinatura do acordo de mãos atadas, o governador muito se esforce por manter os demais partidos da base aliada unidos na sucessão de Fortaleza em torno do nome petista. Não o fará.

No caso, é possível que o PCdoB de Inácio Arruda e até o PMDB recebam bênçãos do governador, ainda que veladas, para entrar na disputa. Cid Gomes cederia à coligação o seu partido, mas não a força de seu governo.

Cenário propício para a exibição de uma decantada habilidade da família: reza a lenda que o PSB é uma “faca de dois Gomes”, sutileza que define o exacerbado oportunismo que demonstra em sua vocação para o poder.

Ricardo Alcântara

Publicitário, Comunicador, Assessor de Comunicação, Poeta e ficcionista

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