Só no início da madrugada desta quarta-feira (22) a Mocidade Alegre conseguiu festejar o título de campeã do carnaval de São Paulo. A festa começou pouco depois da meia-noite, na sede da escola, na Zona Norte da capital.
A Liga Independente das Escolas de Samba declarou a Mocidade campeã pouco antes das 23h de terça-feira (21). O anúncio foi feito após brigas e confusão entre presidentes de escola de samba que estavam no Anhembi desde o fim da tarde, quando um integrante da Império da Casa Verde interrompeu a leitura das notas. A segunda colocada foi a Rosas de Ouro, seguida de Vai-Vai, Mancha Verde e Vila Maria.
A presidente da Mocidade, Solange Bichara Rezende, abriu a quadra para comemorar ao levar o troféu para a sede da escola. Ela ainda demonstrava incômodo com a confusão que paralisou a apuração do carnaval de São Paulo.
“A Mocidade fez a sua parte. A gente ficou o tempo todo no nosso espaço, esperando o resultado. Não estou satisfeita com essa situação porque eu gostaria muito que tivessem sido lidas as últimas notas. A Mocidade Alegre não ganhou nada nas costas de ninguém, nunca prejudicou ninguém. Eu nunca consegui algo tirando o que é dos outros”, afirmou.
Segundo Solange, a escola não tem culpa pela confusão e o desfecho do carnaval de São Paulo. “O problema não é com a Mocidade Alegre. O problema não é com o pessoal da escola. As pessoas também têm o direito de reivindicar o que acham correto para elas. A única coisa que eu tenho para dizer a vocês é que não fomos nós que causamos essa situação. Por nós, estaríamos esperando o resultado das nossas notas, mas infelizmente essas notas desapareceram e se cumpriu o regulamento”, finalizou.
Mesmo sem a quadra estar lotada pelos componentes e torcedores da agremiação, a escola comemorou bsatante com a participação de parte da bateria. Muitas pessoas cantavam e dançavam aos gritos de 'É campeão!'.
De acordo com o presidente da Liga das Escolas de Samba, Paulo Sérgio Ferreira, a decisão de manter os pontos apurados até o início da confusão e anunciar a Mocidade campeã foi tomada por sete votos a cinco na reunião de quase cinco horas entre os presidentes das escolas. Ferreira disse que ficou valendo o artigo 29 do regulamento da Liga, que prevê uma média das notas quando alguma delas falta.
Protesto
O resultado gerou protesto entre os torcedores da Rosas de Ouro. A Tropa de Choque - que já tinha sido acionada à tarde para conter o quebra-quebra no Anhembi - teve de ser posicionada para conter os ânimos.
Ao conhecer o resultado, a presidente da Mocidade, Solange Bichara, disse que não se sentia confortável. “Eu estou chateada. Não fui eu que roubei a nota, não fui eu que sumi com os resultados”, disse na saída da reunião. Ela chegou a discutir com um integrante de outra escola de samba e afirmou ter recebido agressões verbais.
Integrantes de escolas se mostraram revoltados. O presidente da Vai-Vai, Darly Silva, o Neguitão, afirma que o justo seria procurar os dois jurados nesta quarta para saber quais as duas notas finais que foram atribuídas à Mocidade.
“Aí, sim, se eles deram dois dez para a Mocidade, a escola é campeã. Não homologar um resultado que ninguém sabe quais são as duas notas. É uma vergonha levar o carnaval dessa maneira. Toda essa situação deixa a gente muito chateado”, afirmou.
Foram rebaixadas para o Grupo de Acesso a Pérola Negra e a Camisa Verde e Branco. No lugar delas vão desfilar no Grupo Especial, em 2013, Nenê de Vila Matilde e Acadêmicos do Tatuapé, vencedores do Acesso.
Confusão
A confusão durante a apuração começou quando um representante da escola Império de Casa Verde, Tiago Ciro Tadeu Faria, de 29 anos, invadiu o local onde eram lidas as notas, no Sambódromo do Anhembi, e rasgou os envelopes durante a divulgação dos pontos do último quesito. Naquele momento, a Mocidade Alegre liderava, seguida por Rosas de Ouro, Vai-Vai, Mancha Verde e Unidos de Vila Maria. Houve quebra-quebra, carros alegóricos foram incendiados e pelo menos cinco pessoas acabaram detidas.
Após a confusão, os diretores das escolas de samba se reuniram durante toda a tarde para tentar solucionar o impasse. A Mocidade Alegre chegou a encerrar por volta das 21h30 a festa programada para esta terça em sua quadra, na Zona Norte de São Paulo..
Desfile da campeã
Terceira escola a entrar no Sambódromo do Anhembi no segundo dia de desfiles do Grupo Especial paulistano, a Mocidade Alegre ostentou o clima de união e orgulho de quem precisou de esforço extra para brilhar no carnaval deste ano. Atingida no dia 9 de janeiro por um incêndio no barracão da escola, que fica sob o Viaduto Pompeia, na Zona Oeste de São Paulo, a Mocidade teve que correr para reconstruir alguns carros a tempo.
Com 3.500 componentes e 25 alas, a Mocidade comemorou o centenário do escritor Jorge Amado homenageando o candomblé, a capoeira e as festas populares que integram o universo do livro “Tenda dos Milagres”, romance publicado em 1969. A passagem da escola pela avenida durou 60 minutos, cinco a menos que o prazo máximo permitido para cada agremiação.
O público correspondeu à emoção da Mocidade: a bateria empolgou os foliões do Sambódromo durante as várias "paradinhas" executadas pelos ritmistas. (Fonte: G1)
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