O governador Cid Gomes (PSB) mantém o discurso em defesa da aliança do seu partido com o PT, para as eleições do próximo ano, com o candidato a prefeito sendo um petista, mas todos os outros seus correligionários, a partir do ex-ministro Ciro Gomes, defendem que o PSB tenha o seu próprio candidato à Prefeitura da Capital.
E não só defendem. Eles estão agindo como o principal personagem das próximas eleições, tanto por conhecerem as divergências profundas, no campo político, entre o pensar do governador Cid Gomes e o da prefeita Luizianne Lins (PT), mas, também, por entenderem ser este o momento propício à conquista de uma expressiva fatia do eleitorado fortalezense.
Cid e Luizianne, como afirmam aliados de ambos, desde a última eleição, no ano passado, em nenhum momento falaram sobre política. Nem mesmo no único encontro, um pouco mais demorado, no apartamento do vice-governador Domingos Filho (PMDB), interessado na manutenção da aliança das duas lideranças, qualquer deles falou sobre 2012. E as outras oportunidades de encontros fortuitos não foram além daqueles frios cumprimentos.
Hoje, só um nome do PT, o do secretário das Cidades, deputado Camilo Santana, fará o governador dizer aos correligionários do PSB que manterá a aliança com a prefeita. E Camilo não é o preferido de Luizianne, apesar de contar com o apoio de expressivo grupo petista, defensor da continuidade da aliança e consciente da impotência de o partido levar ao sucesso eleitoral, um seu filiado patrocinado apenas pela prefeita.
O próprio diretório nacional já externou sua preocupação nesse sentido. Uma recente pesquisa chegada ao Palácio da Abolição, conhecida por petistas daqui e de Brasília, ampliou a preocupação com a sucessão de Luizianne. É muito amplo o sentir da falta de tempo para uma recuperação da imagem da prefeita que lhe garanta o status de principal cabo eleitoral do seu candidato.
Nomes
A definição do quadro dar-se-á nos primeiros meses do próximo ano. Mas os correligionários do governador não querem estar desprevenidos naquele momento. O encontro realizado ontem, em Fortaleza, foi o marco de uma série programada para possibilitar que os nomes relacionados pela agremiação como prováveis candidatos possam ter maior proximidade com o eleitorado da cidade.
O deputado Roberto Cláudio, presidente da Assembleia Legislativa cearense, é o primeiro quadro do PSB. Ao apresentá-lo como postulante ao cargo de prefeito, o partido, implicitamente, está deixando claro que não fará aliança para apoiar um outro nome sem as qualidades éticas, morais e intelectuais do seu indicado, imprescindíveis para uma bom gerenciamento da coisa pública.
Os líderes do PSB cearense têm um projeto de poder para muito além dos oito anos do Governo Cid Gomes. E Fortaleza, pelo seu potencial político-eleitoral, está no centro dos interesses do grupo. Ter a Prefeitura da Capital é muito mais importante de que muitas outras no Interior do Estado, principalmente pelo fato de sua representação política.
É importante sim, continuar com a aliança iniciada em 2006, entre PSB e PT, mas o governador não fará concessões para deixar o seu partido como coadjuvante na campanha.
Critérios
Ao afirmar o interesse em estar aliado com o PT, também no pleito do próximo ano, ele tem enfatizado ser isso condicionado ao nome do candidato, em razão dos compromissos por ele assumido com Fortaleza, em face da necessidade de Prefeitura e Governo estarem bem sintonizados para a preparação da Capital para receber jogos da Copa do Mundo de 2014.
Cid Gomes participou ativamente da campanha de reeleição da prefeita Luizianne Lins, conseguindo até indispor-se com alguns familiares em razão da postulação da hoje deputada estadual Patrícia Saboya, que havia sido casada com o ex-ministro Ciro Gomes.
Mas não existe o indispensável entendimento entre os dois governantes, embora alguns discursos tentem demonstrar o contrário. O próximo prefeito, para que Fortaleza esteja realmente em condições de aparecer para o mundo como uma das cidades-sedes da Copa de 2014, terá de ser, realmente, um gestor afinado com o Governo do Estado.
Fonte:Diário do Nordeste
EDISON SILVA
EDITOR DE POLÍTICA
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