Um rosto jovem, ligado ao terceiro maior colégio eleitoral brasileiro, o Rio de Janeiro. Ao mesmo tempo, um político sem experiência na articulação de temas nacionais, e um nome que muita gente no país — sobretudo no Norte e no Nordeste, onde a adversária Dilma Rousseff (PT) é mais forte — ouve e pergunta em seguida: "Quem?".
Cientistas políticos apontaram vantagens e desvantagens que o nome de Indio da Costa (DEM), escolhido para ser o vice na chapa tucana à Presidência, traz para seu candidato, José Serra.
A presença política de Indio no terceiro colégio eleitoral do país é um dos pontos positivos destacados pelo cientista político David Fleischer, da Universidade de Brasília (UnB):
— O Rio tem uma tradição petista, além de, hoje, ter o governador Sérgio Cabral (PMDB) forte nas pesquisas. Então, o Cesar Maia (DEM), ao avalizar o nome do Indio, pode ter pensado também em tentar desequilibrar o quadro no Rio, até para ajudar a própria candidatura dele (ao Senado). Além disso, Indio apareceu como relator do Ficha Limpa, que mobilizou a sociedade. E traz juventude à chapa. Aliás, ele também é bem mais bonito que o Serra, né? — brinca Fleischer. — Mas ele não tem experiência em questões nacionais. Sabe mais fazer política local.
Pesquisador de História política e professor de pós-graduação em ciência política da Universidade de São Carlos, o historiador Marco Antônio Villa diz que a indicação de Indio da Costa "foi uma surpresa":
— É uma tentativa de fortalecer Serra num estado de muito eleitorado, e onde não se sabe o fôlego que terá a candidatura Gabeira (aliada a Serra). Dessa maneira, quiseram garantir uma boa presença da chapa do Serra nos três maiores colégios: São Paulo, onde ele por si já é forte; Minas, com Aécio fazendo campanha para ele; e agora Rio.
O cientista político e professor emérito da UFMG Fabio Wanderley Reis diz que a escolha de Indio foi apenas "a forma menos ruim" de Serra ceder ao DEM. Na avaliação do professor, o presidenciável tucano estaria tentando não se associar à imagem de direita do aliado, para evitar uma eleição plebiscitária:
— E o Indio serve a isso, porque não tem um carimbo de direitão do DEM. Além disso, o Serra evita também alguém que pudesse ser uma liderança ao lado dele. Porque, se quisesse isso, o vice seria o Aécio. O Indio, não; vai ficar quieto. Não vai aporrinhar, como o Serra disse.
— Do ponto de vista de arrebanhar voto, muda pouco para o Serra. Vai ser só um candidato a vice formal, que resolveu um problema interno — completa Roberto Romano, professor de ética e política da Unicamp.
O professor de sociologia e política da PUC-RJ Ricardo Ismael vê problemas na escolha, mas crê que Indio pode trazer o voto jovem. Com ressalvas:
— O eleitorado de Indio é a juventude elitizada, classe média alta. Ele vai ter de dialogar com segmentos mais populares.
— Indio é vinculado aos Maia (Rodrigo e Cesar), que têm poder, mas um poder em declínio — conclui o professor de ciência política da FGV Marco Antônio Teixeira.
Fonte:Blog do Noblat
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