Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) divulgados ontem ajudam a traçar o atual perfil do eleitor brasileiro. A inclusão política dos brasileiros vai, a cada eleição, consolidando-se e os dados são irrefutáveis quanto a isso. A cada cinco pessoas aptas a votar nas eleições deste ano, uma é analfabeta ou nunca frequentou uma escola. São, ao todo, 27 milhões de eleitores nessa situação no cadastro do TSE. Desses, oito milhões são analfabetos e 19 milhões declararam saber ler e escrever, mas nunca estiveram numa sala de aula. No total, há 135,8 milhões de eleitores no País em 2010.
A maior concentração de eleitores analfabetos e/ou com nenhuma escolaridade é no Nordeste: enquadram-se em um desses grupos 35% dos eleitores. No Sudeste, são apenas 12%, o que evidencia o aparentemente eterno fosso socioeconômico que separa as duas regiões mais antagônicas do Brasil.
Os dados de escolaridade do TSE são uma estimativa, já que são fornecidos pelos eleitores no momento em que eles vão tirar o título e só atualizados caso ocorra uma revisão do cadastro. No entanto, há boas notícias: o percentual de eleitores que nunca frequentaram a escola caiu de 23,5% na última eleição presidencial, em 2006, para 20,5% neste ano. Ou seja: além da ampliação da participação da sociedade na escolha dos governantes a cada novo pleito, a qualidade do eleitor tem melhorado, o que significa um voto mais qualificado, já que o voto das pessoas com menos escolaridade tende a ser menos ideológico e mais personalista.
A candidata do PT à Presidência da República, a ex-ministra Dilma Rousseff, é quem tem mais condições de angariar votos desse grupo, uma vez que se beneficia da associação com a imagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Além disso, esses grupos de eleitores, quando vão escolher os candidatos, sofrem significativa influência dos programas sociais e de transferência de renda.
No entanto, como apontam as consultas eleitorais, o quadro ainda é homogêneo entre os candidatos à Presidência. Na última pesquisa Datafolha, divulgada há três semanas, a petista tinha 20% das intenções de voto entre os eleitores com escolaridade até o ensino fundamental, contra 16% do candidato do PSDB, o ex-governador de São Paulo, José Serra. O tucano, por sua vez, tinha três pontos de vantagem entre aqueles com nível superior. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Candidatos
Nas eleições deste ano, o analfabetismo não é exclusividade dos eleitores. Saber ler e escrever é uma exigência da Justiça para disputar a eleição, mas, ainda assim, cinco candidatos declararam ao TSE serem analfabetos.
Até 2004, os que se diziam analfabetos faziam uma prova para ter o grau de instrução avaliado. A partir de 2006, eles são chamados a fazer, no tribunal, declaração de próprio punho, afirmando que sabem ler e escrever.
Ceará
Conforme os dados do TSE, o Ceará é o quarto estado no Nordeste com o maior número de eleitores analfabetos: 10% do eleitorado não sabem ler nem escrever. (Confira o infográfico). Na região Nordeste, os três primeiros estados com os maiores percentuais de eleitores analfabetos são Alagoas (15,9%), Maranhão (14,6%) e Piauí (12,6%), enquanto os três menores índices são registrados no Rio Grande do Norte (8,9%), Bahia (9,2%) e Sergipe (9,4%).
Na Capital, (confira o infográfico) os números estão abaixo do índice estadual. De acordo com o levantamento do TSE, datado deste mês de julho, Fortaleza tem 3,2% de eleitores incapazes de ler e escrever.
Fonte: Jornal O Estado
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