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quinta-feira, 22 de abril de 2010

Operação sigilosa da PF traz ´Alemão´ de volta ao Ceará

Foi tudo sigiloso. Desde a negociação entre a Justiça Federal no Ceará e o Ministério da Justiça, à operação da Polícia Federal de retorno ao Ceará. Mas tudo acabou concretizado. Antônio Jussivan Alves dos Santos, o ´Alemão´, o homem que comandou o maior roubo a banco na história brasileira, está de volta ao Ceará.

Condenado a 49 anos e dez meses de cadeia, pelo furto de R$ 164,8 milhões do Banco Central em Fortaleza, em agosto de 2005,´Alemão´ chegou à Capital cearense há três semanas. Desde então, está recolhido em uma cela isolada numa das três Casas de Privação Provisória da Liberdade (CPPL), em Itaitinga, na Região Metropolitana de Fortaleza. O Diário do Nordeste conseguiu, com exclusividade, obter a informação, mantida a sete chaves pelos setores de Inteligência do Estado e pela própria Secretaria da Justiça e Cidadania (Sejus).

Transferido

Jussivan estava recolhido no Presídio Federal de Segurança Máxima de Campo Grande, no Estado do Mato Grosso do Sul, desde 4 de março de 2008, exatamente no mesmo dia em que prestou um longo depoimento à Justiça Federal, em Fortaleza, e confessou ter participado do crime. Sua permanência aqui durou somente 20 horas, desde o seu desembarque, procedente de Brasília, ao voo num jatinho da PF que o levou para Mato Grosso do Sul. A mesma aeronave trouxe o bandido de volta ao Ceará há três semanas. Aqui mesmo ele cumprirá sua pena. Seu próximo endereço deverá ser a penitenciária que está sendo construída no Município de Pacatuba. Mas, até lá, ele é mantido sob rigorosa vigilância, já que, há duas semanas, surgiram indícios que poderia fugir mais uma vez. Um plano para resgatá-lo ainda está sendo investigado, também de forma sigilosa, pelas autoridades policiais.

O retorno do bandido ao Ceará vinha sendo pleiteado desde 2008 pelos seus advogados de defesa. A advogada criminalista Erbênia Rodrigues, em entrevista ao Diário no dia 5 de março daquele ano, já falava que a transferência de ´Alemão´ para o Mato Grosso do Sul "dificultava bastante o trabalho da defesa". Ela então, requereu ao Tribunal Regional Federal da 5ª Região, em Recife (PE), o retorno de seu cliente para o Ceará.

Desde então, a Justiça Federal analisava os pedidos da defesa. A volta do bandido para o seu Estado de origem passou também pelo crivo da Polícia Federal, já que a instituição não negava sua preocupação diante da fragilidade do sistema penitenciário do Ceará. Para prender ´Alemão", a PF levou quase três anos de investigações, até, finalmente, capturá-lo, em Brasília, no dia 26 de fevereiro de 2008. Antes, ele foi ´rastreado´ pela PF em vários Estados por onde passou, até, finalmente, ser detido no Distrito Federal.

Mas ´Alemão´ já era fugitivo do Ceará desde 1999, quando foi acusado de ter participado do assalto contra a sede de uma empresa de segurança privada, de onde foram roubados cerca de R$ 9 milhões, até então, considerado o maior roubo (em valores) ocorrido no Estado.

Ao ser trazido de Brasília, em 2008, o bandido veio acompanhado de dois homens considerados pela PF seus ´laranjas´.

ISOLADO NA CELA
Recolhido na CPPL III, em Itaitinga

´Alemão´ está recolhido na Casa de Privação Provisória da Liberdade III, em Itaitinga. Trata-se da mais nova unidade prisional do Estado do Ceará, com capacidade para 950 presos, mas que, atualmente, tem cerca de 600. Este fato teria sido um dos motivos que levou as autoridades a decidir por mantê-lo ali.

Mesmo assim, os riscos de uma fuga não foram descartados, diante dos indícios de que ´Alemão´, assim como os demais integrantes da quadrilha que atacou o BC de Fortaleza, em 2005, seria integrante da organização criminosa paulista Primeiro Comando da Capital (PCC) que tem protagonizado pelo Brasil afora fugas espetaculares de bandidos considerados de altíssima periculosidade.

Isolado

As autoridades confirmam que, o acusado foi trazido de volta para o Ceará também por ter expirado o prazo de sua permanência legal no Presídio Federal de Segurança Máxima do Mato Grosso do Sul. Normalmente, o Conselho Penitenciário Nacional (Copen) tem recomendado o ´isolamento´ dos presos por apenas um ano, com exceção para chefes de quadrilhas que representam perigo para a Segurança Pública de seus Estados de origem, como no caso o traficante carioca ´Fernandinho Beira-Mar´ e outros delinquentes da mesma periculosidade.

"Ele já está condenado pela Justiça Federal e, portanto, pode cumprir a pena em seu Estado de origem", explicou, ontem, à Reportagem, o coordenador adjunto do Sistema Penal cearense, coronel PM Taumaturgo Granjeiro. Segundo ele, a volta do bandido ao Ceará nada tem a ver com a ´Operação Retorno´, anunciada, recentemente, pelo Ministério da Justiça (MJ). Segundo o oficial, outros delinquentes que haviam sido transferidos do Ceará para outros Estados já voltaram para Fortaleza e estão recolhidos em unidades prisionais diferentes, como o Instituto Penal Paulo Sarasate (IPPS), o Instituto Presídio Professor Olavo Oliveira II (o IPPOO II) e as três Casas de Custódia (Casas de Privação Provisória da Liberdade).

Entre os bandidos que retornaram ao Ceará destacam-se o português Luís Miguel Melitão (autor de chacina) e o assaltante ´Fabinho da Pavuna´.

Cadeia forte

24 meses foi o tempo que ´Alemão´ passou detido no Presídio Federal de Segurança Máxima no Mato Grosso do Sul. Ali estão bandidos famosos como ´Fernandinho Beira-Mar´

DEPOIMENTO
Assaltante confessou o crime diante da Justiça

"Participei do crime". Com estas palavras Antônio Jussivan Alves dos Santos, o ´Alemão´, confessou, no dia 4 de março de 2008, seu envolvimento no ataque ao cofre-forte do Banco Central, em Fortaleza, em agosto de 2005. A confissão aconteceu durante audiência realizada na Justiça Federal, nesta Capital.

A audiência foi comandada pelo juiz federal Danilo Fontenelle, que presidiu o processo em torno do fato. Mas, como já era esperado, e foi antecipado pelo Diário do Nordeste, Jussivan não apontou nenhum comparsa e, além disso, negou ser membro da facção PCC.

´Alemão´ disse ainda que, dos R$ 164,8 milhões furtados dos cofres do BC, ficou com ´apenas´ R$ 5 milhões. Parte desse dinheiro foi utilizado para a compra de casas, fazendas, veículos e gado em Estados como o Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Tocantins.

(Fonte: Diário do Nordeste)

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