Para o coordenador médico do Eixo AVC, Alan Cidrão, o principal fator para diminuir as sequelas dos pacientes com a condição está relacionado ao tempo-resposta. “Dentro da Medicina, nos últimos anos, o AVC é uma das doenças cujo tratamento mais evoluiu. Hoje em dia, temos um arsenal terapêutico imenso para tratar o paciente acometido. Por isso, temos de correr com o atendimento a este usuário. O papel da UPA é identificar os sintomas de suspeita de AVC, estabilizar, regular e transferir para um centro especializado no tratamento da doença, como é o caso do HRSC”, explica.
O AVC é a segunda causa de morte no Brasil. Na maioria das vezes, as unidades básicas de saúde e os serviços de pronto atendimento são a porta de entrada de pacientes com a doença. O desafio da saúde pública tem sido diminuir o tempo entre os primeiros sintomas e a assistência nos centros capacitados em realizar tratamentos de reperfusão (estabelecimento do fluxo após um período de isquemia). Pelos protocolos atuais, as equipes têm até quatro horas e meia do início dos sintomas para realizar o processo trombolítico.
“Em um AVC causado por uma oclusão de um grande vaso, para cada minuto que o paciente permanece sem sangue e sem oxigênio no cérebro, a gente perde quase dois milhões de neurônios. Um AVC dessa magnitude, quando não tratado ou se tratado de forma inadequada, equivale a, basicamente, um envelhecimento de 36 anos. É uma catástrofe. A gente precisa correr, não podemos perder tempo”, afirma Cidrão.
O coordenador médico destaca, ainda, que a estrutura da atenção básica tem papel fundamental na prevenção precoce da doença. “Até 90% dos AVCs poderiam ser evitados se conseguíssemos controlar alguns fatores de risco. Então, tirando o sexo, a idade e a genética, que não conseguimos modificar, todos os outros fatores, como hipertensão, diabetes, tabagismo, etilismo, sedentarismo, obesidade, níveis altos de colesterol e rastreio e tratamento precoce das arritmias cardíacas, podem ser prevenidos”, pontua.
Referência
O HRSC é considerado centro de referência no tratamento de AVC, reconhecido internacionalmente por meio do Programa Angels Awards. No último mês, a unidade recebeu, pela quarta vez, a certificação diamante, categoria máxima dentro da ação desenvolvida pela farmacêutica Boehringer Ingelheim, que busca qualificar os centros de AVC já existentes e auxiliar na implementação de novos centros pelo mundo.
Segundo a coordenadora de Enfermagem do Eixo AVC, Mara Cibelly Pinheiro, as pessoas que deram entrada no hospital com suspeita de AVC em 2021 eram, em sua maioria, do sexo masculino e tinham idade superior a 60 anos. Predominam nos casos o subtipo isquêmico, causado pelo entupimento de artérias que são responsáveis pela irrigação de diferentes partes do cérebro.
Ainda segundo a enfermeira, Quixeramobim é o primeiro município da Região de Saúde Sertão Central que mais regula pacientes para o HRSC. “Esse dado mostra que o município, realmente, têm nos acionado com frequência”, ressalta Pinheiro.
A I Semana de Prevenção do AVC da UPA 24h de Quixeramobim contou com a participação do neurocirurgião do HRSC, Saulo Teixeira, que abordou o tema Segurança e Precisão no Cuidado com o Sistema Nervoso; do fisioterapeuta Pedro Meneses, que palestrou sobre Ventilação Neuroprotetora: Como Salvar Neurônios em Pacientes Ventilados Mecanicamente; e do fisioterapeuta José Antônio, que discursou sobre Avaliação e Manejo Fisioterapêutico do Paciente com AVC Agudo.
Do Repórter Ceará
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