
Cerca de 200 moradores prejudicados pela fumaceira provocada pela queima de resíduos sólidos no aterro sanitário de Quixadá ameaçam acionar a Prefeitura na Justiça caso o problema não seja sanado definitivamente. O incomodo ocorreu por duas vezes em 2009. O último deles às vésperas do Ano-Novo. A cortina de fumaça invadiu suas casas provocando tosse, irritação nos olhos, doenças respiratórias e, também, transtornos domésticos. As crianças e os idosos são os que mais sofrem. Dessa vez até ratos invadiram as casas.
Um dos moradores mais antigos da área afetada pela fumaça, um trecho da Rua Juvêncio Alves no Bairro do Boto, na periferia da cidade, Francisco Eduardo da Silva, atribui o transtorno exclusivamente ao lixão. Ele tem cansaço e sofre de asma. Precisa de ar puro para respirar melhor. Então, resolveu morar um pouco mais afastado do Centro da cidade. A tranquilidade onde mora acabou quando a rampa foi construída, em 2003, a pouco mais de um quilômetro dos fundos de sua casa.
Pai de três filhos menores, um deles com pouco mais de ano de vida, Narcélio Lopes de Oliveira não se conforma. Depois de um exaustivo dia de trabalho ser obrigado a passar a noite em claro, abanando as crianças juntamente com a esposa, não é nada agradável. É a única forma de garantir pelo menos o sono delas quando a fumaceira chega. Não tem outro lugar para ir. Ele sugere a proibição das queimadas ou a transferência do lixão para um local menos povoado.
Interdição
A auxiliar doméstica, Adriana de Sousa Lima, acredita numa solução mais radical: a interdição do terminal de lixo. Ela descreve as noites mal dormidas como horríveis e sufocantes. Quem sofre mais em casa é o avô Luiz Evangelista de Lima, de 90 anos. Para agravar ainda mais o desconforto, o telhado da casa é muito baixo. Quando a noite chega, o desconforto se acentua. Todos os cômodos da residência ficam tomados pela nuvem desagradável. Quem pode vai dormir noutro lugar.
O secretário municipal de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente (Seduma), Joaquim Gomes Neto, atribui o problema a catadores de lixo. Na busca por metais, principalmente o alumínio das latinhas de refrigerantes e cervejas, ateiam fogo nos montes a serem reciclados e, em seguida, estes são espalhados nas valas.
Dessa forma, fica mais fácil recolher no meio das cinzas. Todavia, além de agirem ilegalmente, sem autorização, acabam deixando pequenos focos de fogo. O suficiente para se alastrar por todo o aterro.
No início do ano passado o Copo de Bombeiros foi acionado. Não deu jeito. Dessa vez, além do resfriamento da superfície com água, um trator remanejou o solo para debelar a fumaça. O processo foi ágil, todavia, demorou três dias.
As chuvas recentes também ajudaram. O secretário Joaquim Neto justificou haver apenas um vigia para controlar o acesso à área de 16 hectares do aterro. Nos fundos não há cerca e o servidor é obrigado a concentrar sua atenção na área do galpão de reciclagem.
Adequação
De acordo com o secretário, a Seduma pretende adequar o lixão da cidade às normas exigidas pela Superintendência Estadual de Meio Ambiente (Semace). Novas valas e canaletas para escoamento de chorume deverão ser construídas nos primeiros meses de 2010.
Serão investidos, ao todo, R$ 100 mil na nova estrutura para o local. Os recursos estão assegurados. Resta apenas o processo licitatório. Na opinião dele, a reestruturação do aterro deve evitar mais transtornos para aquela vizinhança.
Enquete
Quais problemas o lixão tem causado para você?
Francisco Eduardo da Silva
58 ANOS
Agricultor
Até dia desses a gente respirava ar puro por aqui. Agora, é obrigado a fechar a boca para não entrar fumaça
Adriana de Sousa Lima
31 ANOS
Auxiliar doméstica
Isso é muito desumano. A única tranquilidade que tínhamos por aqui era um bom sono. E agora, nem isso
Narcélio Lopes de Oliveira
30 ANOS
Zelador
Nós Estamos dispostos a entrar na Justiça, exigindo indenização e, também, a remoção do lixão daqui
Mais Informações
Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente (Seduma) do município de Quixadá
(88) 3414.4671
(Fonte: Jornal Diário do Nordeste)
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