Nilton Câmara é interprete de Libras, professor da Universidade Estadual do Ceará (Uece) e escritor. Em seu livro "Grito Silenciado: Conceitualizações de Violência na Comunidade Surda”, que foi lançado em dezembro de 2016, aborda a violência contra os surdos e a luta por inclusão social.
A história do intérprete com a Linguagem Brasileira de Sinais (Libras) já dura dezoito anos. Ele dedica sua carreira para o aperfeiçoamento da língua. O primeiro contato de Nilton com a linguagem de sinais aconteceu em uma igreja em Messejana, segundo ele "foi amor ao primeiro sinal”. Na época, o acesso a livros e cursos de Libras não era tão fácil, quanto hoje em dia, mas ele não desistiu, e com muito esforço aos poucos conseguiu se inserir no universo da linguagem de sinais.
Para o professor, o papel de intérprete de Libras, vai muito além de simplesmente interpretar, ele é o responsável por unir os dois mundos. O mundo do som e o mundo do silencio. De acordo com Nilton, existem cerca de vinte e oito mil surdos só na capital Fortaleza, no estado do Ceará são cerca de setenta e quatro mil pessoas deficientes auditivas. É um número considerável e é importante que seja dada a todas elas, as devidas condições de vida, onde possam desenvolver plenamente suas capacidades. "Incluir um surdo é dar a ele capacidade de caminhar, de desenvolver talentos, de conquistar profissões".
Sobre seu livro "Grito Silenciado: Conceitualizações de Violência na Comunidade Surda”, o escritor afirma que sua produção literária foi fruto de sua pesquisa de mestrado em Linguística Aplicada na Uece. A temática do livro é "sobre o processo de língua oral, no caso, a tradução da língua portuguesa para a língua de sinais destacando a violência sobre a perspectiva do próprio surdo".
A experiência como professor de Libras para alunos de graduação, tem sido ótima para Nilton. "Hoje, a libras é a menina dos olhos. Turmas lotadas e um público bastante empolgado. Essa empolgação é fundamental. Procuro trabalhar logo nos primeiros encontros com os alunos um ideal de sensibilidade e humanidade. Gosto de explicar que uma disciplina de um semestre não irá te deixa hábil para trabalhar como intérprete, mas, poderá ser a porta de entrada, se houver um interesse maior. É preciso ter vivência. A prática e a busca por capacitação é o que vai te tornar um bom intérprete", afirma ele.
Para Nilton, o preconceito é o principal obstáculo enfrentado pelas pessoas surdas. "Os surdos não precisam da imposição e obrigação da sociedade civil. Não os tenho como “deficientes”. Eles têm língua, cultura, identidade. Eu não pediria para os surdos deixarem de ser surdos. Surdos podem estudar, fazer faculdade, especialização... Eles são totalmente capazes. Precisam de inclusão. Aliás, nós precisamos ter como propósito primordial respeitar e promover a acessibilidade a pessoas com qualquer tipo de necessidade".
Postado por: Jornalismo - Sistema Maior de Comunicação com informações ABN
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