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quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Artigo: Formas de morrer e viver: na novela e na vida nossa de cada dia

A invenção da morte no horário nobre das novelas nos lembra clássicos das artes, como a literatura e o cinema. Mas também me faz lembrar historinha grande de quando era criança, na Quixeramobim de tantos ‘pogressos’. Era menor, mas sempre com suas marmotas, e aí incluindo as que envolvem trambiques com o público.

Falava-se na rua que havia morrido o home m gerente de banco, depois das camaradagens e descobertas. Fazendona ali pelo Pirabibu: festanças, gente dita importante, rega-bofes e outras farras. Na cidade, até ginásio de esportes já tinha sido batizado, no rumo das homenagens. Mas deu em se descobrir, talvez pelos que ficaram desgostosos por não se fartarem tal qual os menos colegas. E aí o jeito era o homem morrer. Não podia ir para prisão e ter o nome achincalhado como os reles mortais.

Choro, velas e roupas na moda, ainda que já cafonas, da nobreza que teima em marcar pose. Caixão grande em tempo ainda sem funerárias (aliás, quer dizer algo as principais ruas da cidade terem se transformado em funerárias e farmácias? ‘Pogresso’ neles, fartuna nossa!). Mas isso é a morte que vemos crua, na diária, pois a morte do homem, gentil, o Dr. que bem recebia os amigos e bem recebia de amizade, do nosso, era mais sofisticada. Dizem que a ressurreição foi no EUA, com mais risadas, envivecido o defunto. Assim dizem as boas línguas, do Pirabibu à Vila Eloy. Com Zé Alfredo, nomes de histórias que se cruzam, em golpes não tão novos!
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De uma suposta fusão a uma possível transformação - Dentre as fusões de secretaria informadas pelo blog do sistema maior (http://quixeramobimagora.blogspot.com.br/2014/12/fusao-de-secretarias-e-especulada-para.html), está a menção à Secretaria de Cultura. Não que o grupo político tenha que entender de todas as áreas. Mas por isso não pode emplacar ninguém fora dele para fazer um bom trabalho de Gestão? A cada administração, nomes que se sucedem, mais longe fica tal concepção do município, com tanto potencial para isso. Com as boas relações eleitorais entre prefeito e Governo do Estado, como se viu na campanha de Camilo Santana, talvez uma boa opção fosse convidar um técnico, em diálogo com a Secult.

Quixeramobim ainda não entrou no mundo oficial da Gestão Cultural. Não possui cadastro no Sistema Nacional de Cultura e nem está integrado aos programas. Isso acarreta vários problemas, já que hoje, e já há alguns anos, uma Secretaria de Cultura tem que atuar bem mais além do que a organização da Festa do padroeiro. Não se trata apenas de recursos, que no campo Cultura sempre são os menores. Sem essa institucionalização, o município continua perdendo espaços, como os auditórios, também usados como cinemas, abertos em edital para municípios cadastrados, com menos de 100 mil habitantes. Perde recursos sem articulação com órgãos como o Iphan, ficando fora, por exemplo, do PAC das Cidades Históricas, com uma área ainda potencial para captar recursos e programações de lazer, programas, sem falar em investimentos para proprietários de imóveis na área, suplantando o argumento de que patrimônio atravanca desenvolvimento. Ainda é tempo!

A Fala que falha, ou existe para a falta - O último secretário municipal da área, em reunião com a sociedade que tentava sensibilizá-lo para outra Programação do Conselheiro Vivo (a qual cumpriu em parte e fez vista grossa ao que não pode capturar como propaganda), estranhou ouvir, talvez surpreso com a não ingenuidade, que se esperava há 17 anos que o Memorial Antônio Conselheiro fosse concluído pelo Grupo Político do qual ele fazia e faz parte. No tom de desentendido adotado para defesa, disse que não tinha a ver com política. Pena, bom era que tivesse, com P maiúscula, decisão Política, para além da força eleitoral demonstrada nos sucessivos pleitos, seja qual for a sigla.

Sem força eleitoral, sabemos, mas sem o p dessa política, que continuará a ser cobrada pela condição de servidores da população, pelos que assistem as promessas, as falas repetidas, como uma forma que não faz para não deixar acontecer. Talvez nosso parlamento municipal seja mesmo o principal lugar correto onde, em maioria, se vivencie essa fala-falha da falta. E sobre Cultura, Gestão e ação continuarão sendo cobradas, pelas forças que, embora não eleitorais, sem os usos econômicos para tal,  são as que afetivamente mais se entranham com a cidade: http://www.patrimoniovivo.org.br/e-o-arquivo-publico-municipal-cade/

Memorial? Sem as devidas movimentações institucionais no Governo estadual para a reforma da Casa Conselheiro antes da saída - pelos fundos e sem murmúrios, diga-se -, ainda se assistiu às encenações para reforma do Memorial, fadados em fracassos, nem meu nem dos que cobraram no referido encontro e nos momentos seguintes. Começos sem concretizações, com as falas fracas de atitude, embora ainda empolguem momentaneamente a alguns, ou mesmo sirva apenas para provocar indignação, fazer raiva, como se diz no linguajar comum, quando lemos a matéria abaixo, com as promessas envolvendo pessoas sérias, em lugares caros à maioria que ainda crê no Memorial, não um Alzheimer, como um Espaço comunitário, solidário, forte para artes miradas aos futuros!
http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/regional/comeca-restauro-do-acervo-no-memorial-antonio-conselheiro-1.1012711

“Sou um Conselheirista”, talvez ainda escutemos, por que isso seja o mais importante a dizer, quando a vida imita a arte em sua pasmaceira de apenas doar comendas que nem pertencem aos que ofertam. Belo Monte também teve seus eloquentes, no mesmo rastro dos que renegaram, deixaram para trás, traíram ou apenas tiraram vantagens pessoas com aquele Projeto, edificado na dimensão comunitária mais nobre, que no futuro, não precisaria mais ouvir tanta asneira. Nesse caso, para além da novela protagonizada por um comendador (!?), seja o caso de, mais do que descobrir a melhor maneira de morrer, seja o caso de aprendermos o melhor modo de viver sem dar tanta importância aos moribundos, crédito, sem levá-los tão a sério, sabendo que possuem como razão de ser, em suas carreiras, o permanente brado que entoam sempre para impedir o poder dos futuros. Comendas, sabemos que virão, mas sem mais remendos.

por
Danilo Patrício
Jornalista, doutorando em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

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