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segunda-feira, 28 de julho de 2014

Eunício está no seu teto, Camilo no seu piso

Somente com dez dias de propaganda na televisão é que se poderá ter um cenário mais definido dos rumos que tomará a sucessão. “Cenário definido”, em termos: nele, nada haverá que não possa mudar nos últimos dez dias de campanha.

Logo, pesquisas de opinião de hoje só existem para este fim: serem solenemente desmentidas mais adiante. É o que chamo (se não lhe incomoda uma metáfora futebolística mesmo após aquele vexame) de “pesquisa de bola parada”.

“Pesquisa de bola parada” é como esquema tático em prancheta de técnico: em menos de dez minutos de jogo tudo aquilo já pode ter ido por água abaixo. Ela afirma o resultado que a eleição teria...se não houvesse eleição alguma!

No entanto, eleição haverá e ela será precedida por uma intensa campanha onde o mais conhecido haverá de convencer e o desconhecido pode surpreender.  Cante seu hino à capela, mas lembre-se dos alemães. Eles sabem: o jogo é jogado.

No quadro da disputa ao governo do Estado, há duas seguras constatações a partir da mais recente pesquisa Ibope: com 44% das indicações, Eunício Oliveira inicia a campanha pelo seu teto para primeiro turno e Camilo, com 14%, pelo seu piso.

Pensar que Eunício possa ganhar a campanha contra um candidato governista já no primeiro turno é uma aposta de risco. Logo, difícil ultrapassar esses abençoados 44% que a pesquisa lhe confere, resultado de um recall longamente perseguido.

Já os 14% que o Ibope confere a Camilo Santana é um índice ínfimo, compatível com candidaturas alternativas, vinculadas a nichos urbanos mais esclarecidos e comprometidas com vestígios de utopia. 14% de votos, o Benfica garante, ora.

Logo, a próxima rodada de pesquisas, datada para a primeira semana de Agosto, só trará boas notícias para a campanha de Camilo-Izolda, indicando o crescimento natural de uma candidatura que partiu do patamar mínimo de seu potencial.

Tão logo uma parcela maior da sociedade saiba que eles são indicados pelo atual governador e, ainda mais importante, vinculados ao partido de Lula e Dilma – PT, o próprio, e não o genérico PMDB – eles deverão, até lá, crescer bastante.

Se alguém pretende retirar da pesquisa Ibope de agora algo mais substancial, a boa técnica recomenda tomar como totalidade a relação percentual entre o número de eleitores que afirmam conhecer o candidato e aqueles que nele declaram seu voto.

Somente a observação comparada da proporção entre nível de conhecimento e intenção de voto em cada candidato  pode dar aos índices pesquisados agora uma visão em perspectiva, que aponte a tendência – para onde as coisas estão indo.

Ricardo Alcântara é escritor e publicitário

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