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quinta-feira, 24 de abril de 2014

A pensadora contemporânea Popozuda tem razão: “É só tiro, porrada e bomba”

Volto a escrever aqui no espaço do Sistema Maior, depois de um longo período. Falo sobre a triste situação de insegurança que vive o maior município do mundo, meu Quixeramobim. Sim meus amigos, sou bairrista e não nego, para mim, meu Quixeramobim é a maior civilização existente na face da terra.

Eu nasci em uma cidade onde era possível a partir das 17 horas sentar na calçada e bater longos papos, que chegavam à noite sem nenhuma preocupação com o que poderia acontecer. Eu vivi em uma cidade onde todos, ou pelo menos boa parte das pessoas se conheciam. Quer um exemplo? Lá na minha rua, a vizinhança era daquelas em que se emprestava uma xícara de café, um punhado de farinha, dois dedos de óleo para fritar a mortadela, a mistura do almoço, quando faltava em casa. Olha que isso não faz muito tempo não.

Sendo modesto, ainda sou muito jovem, talvez meus pais tenham vivido uma cidade muito mais tranquila do que a que relato nessas linhas, porém, meus filhos, seus filhos, não terão a mesma sorte. Assalto, roubo, atentado à vida, eram coisas de cidade grande, coisas das bandas de Fortaleza. Ouvia-se falar muito de maldades na TV, lá fora, e não causavam tanto impacto, mas quando a brutalidade invade a sala da casa da gente, a coisa muda de figura.

A pensadora contemporânea Valesca Popozuda é certeira em sua passagem: “É só tiro, porrada e bomba”. Foi o que Quixeramobim- de uns tempos para cá- acostumou-se a comentar nas rodas de conversas. Todos nós sabemos que a insegurança é um problema mundial, mas nós não estamos preparados para tanto.

Diariamente lido com as notícias dos “Plantões Policiais”, que superlotam os arquivos de muitos computadores com informações de crimes em nossa cidade. Outro dia conversando com amigos e em tom irônico, afirmei que se espremesse o rádio e a TV, certamente sairia sangue de tanta crueldade que estes veículos são obrigados a divulgar, afinal, é notícia e o povo precisa saber.

Mas pense comigo: O que faz uma cidade inteira ir às ruas para pedir por mais segurança? Faço essa pergunta não porque imagino como uma tentativa de atrair atenção de quem tem a obrigação de melhorar nossa segurança, mas sim porque presenciei este fato em Quixeramobim. Pessoas comuns, com interesses diferentes, na rua, no sol e na chuva, apelando por segurança. A dor de perder alguém é muito forte e perder de forma banal, sem explicação, e de uma forma que poderia, sim, ser evitada, revolta. E muito.

Mas são sábias as palavras da pensadora contemporânea Popozuda: “Acredito em Deus, faço ele de escudo”. Somente isso que podemos fazer, continuar acreditando nEle, pois nos homens, ah! Nos homens está complicado. Ainda parafraseando a importante pensadora do século XXI, os homens, nos quais confiamos que irão nos ajudar estão vendo o clamor do povo assim: “Late mais alto que daqui eu não te escuto, do camarote quase não dá pra te ver”, e nós estamos rachando a cara de tanto trabalhar para pagar impostos e viver na mesma, esperando ser a próxima vítima.

Em um passado remoto e glorioso, as coisas não eram tão cruéis, não era só “tiro, porrada e bomba”. Mas sabe o que nossos representantes estão fazendo com a gente(aqui vai mais uma da pensadora)? Dando um verdadeiro 'Beijinho no Ombro', para todos nós. Pense nisso na hora de votar esse ano, queira você também dar um 'Beijinho no Ombro' votando de forma correta, em alguém que pelo menos se preocupe com você.

Enquanto isso continuaremos vivendo em uma cidade amedrontada, que se fecha cada dia mais em meio a muros e cercas elétricas. Na bandeira do nosso país está escrito, ‘Ordem e Progresso’. Bem, progresso até que existe, mas ordem, cadê?

Por
Elistênio Alves
Graduando em Letras/Espanhol pela Universidade Federal do Ceará

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